A professora Dirce Escaramai é libriana, mas de indecisa não tem nada: soube desde criança que queria ser professora. Vinda de uma família simples, de classe média, passou toda a sua infância na Zona Leste de São Paulo. Com uma criação rígida por parte de mãe, Dirce conta que não costumava sair na rua para brincar, mas quando as crianças iam para sua casa, a diversão preferida era a da “escolinha”. “Alfabetizei primos, minha irmã… Eu adorava ser professora. Quando minha irmã entrou na pré-escola, ela já sabia ler, escrever e fazer as contas básicas”, diz ela.
Dirce foi uma criança que sempre gostou de estudar e tinha facilidade em Matemática. Quando terminou o Ensino Fundamental, decidiu fazer Magistério (chamava-se na época o Curso Normal), um secundário profissionalizante que durava três anos. Foi quando conheceu a Psicologia e logo se apaixonou. “E então eu pensava em como deve ser interessante criar os seus filhos sabendo tudo aquilo”, conta. Ao finalizar o Normal, entrou em Psicologia na Universidade de Guarulhos. Chegou a fazer monitoria da disciplina de Técnicas de Exame Psicológico, na qual se dava tão bem justamente pela estatística envolvida. “Olha a matemática aí de novo”, diz ela com empolgação.
Durante os estudos e a monitoria, Dirce conta que sua mãe a inscreveu no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) para dar aula para adultos. “Fiz os testes e passei. Me dei tão bem lá dentro que acabaram me dando duas salas, então eu ficava das 18 horas até as 23. Mas não cansava”, garante a psicóloga. “Foi o trabalho mais bonito que já fiz.”
Em seu último ano, a professora conseguiu um emprego como psicóloga na Sabesp – empresa de economia mista responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo. Trabalhou ali por dezesseis anos e atuou em diversas áreas: seleção, acompanhamento, treinamento, desligamento dos empregados, entre outras. Na mesma época em que entrou na Sabesp, se casou e teve a primeira filha. O objetivo e o desejo de ser mãe começavam a se concretizar.
Após sua saída da Sabesp, Dirce decidiu clinicar e voltar a dar aulas, afinal, nasceu para ser professora. É fácil imaginar o tamanho de sua felicidade quando, na mesma época, recebeu a ligação de uma amiga perguntando se ela gostaria de dar aula de Psicologia. Começou lecionando em um curso técnico de Relações Públicas e, em 1997, entrou para a Cásper Líbero como docente de Psicologia para o mesmo curso. Em 2004, passou também a lecionar em Publicidade e Propaganda. Ela é a coordenadora do CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Faculdade há quatro anos.
Em relação aos seus dezoito anos de Cásper Líbero, Dirce fala sobre as mudanças que vivenciou ao longo do tempo, principalmente com as novidades tecnológicas. “Eu chorei para aprender informática, ainda estou aprendendo. É um processo lento.” Quando solicitada para se descrever como professora, Dirce afirma ter facilidade de transmitir o que sente aos seus alunos e os fazer pensar com ela. “Eu procuro superar essa minha dificuldade em relação à tecnologia com o meu saber, e eles gostam. Tem funcionado bem.”
Durante a conversa, Dirce mostrou ser uma pessoa completamente realizada com o que faz, contando cada pedacinho de sua história com um grande sorriso no rosto. Hoje, mãe de três filhos e com quatro netos, reúne sua família todos os domingos para um almoço em sua casa e a cada domingo inventa uma receita diferente. “Adoro cozinhar, é a minha distração preferida”. Orgulha-se da boa relação que mantém com o marido e com a família, e também com os seus alunos. Mãe e professora, Dirce possui em seu olhar um brilho que diz: “missão cumprida”.