INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O VESTIBULAR DE VERÃO 2025 Fechar

Caras alunas, caros alunos,

No dia 23/12/1989, a revista inglesa The Economist publicou uma reportagem especial apresentando alguns eventos marcantes na evolução da humanidade, dentre os quais destacava a encenação, em 458 a.C., em Atenas, da trilogia Oréstia, de Ésquilo, em que pela primeira vez no Ocidente uma manifestação artística e cultural elaborava o conceito de justiça em substituição à prática da vingança, usualmente adotada em todo o mundo antigo. Na última das tragédias da trilogia, a deusa Atena institui um tribunal público para julgar Orestes. Três jurados votam pela condenação do protagonista e três votam pela sua absolvição. Ao votar a favor de Orestes, Atena, como presidente do júri, adota, então, o princípio do in dubio pro reo, consagrando, assim, uma expressão que tornar-se-ia famosa: o “voto de Minerva”.

Cerca de dois mil e quinhentos anos depois, o grande desafio das democracias modernas parece ser a manutenção dos princípios que regem o Estado de Direito, em particular, a presunção da inocência, a acusação aceitável somente apoiada em provas incontestáveis ou passíveis de comprovação e o direito de defesa. No mundo contemporâneo, tais princípios estão sendo constantemente desrespeitados, seja pelo mundo da comunicação de massa, de modo geral; seja na esfera mais específica da cultura digital.

As redes sociais, paralelamente às suas inestimáveis qualidades, têm com frequência preocupante não somente criado fóruns que produzem toda a sorte de discursos apoiados em informações vagas, imprecisas ou não devidamente comprovadas como também constituído verdadeiros tribunais de exceção, que condenam sumariamente os indivíduos sem lhes garantir o amplo direito de defesa.

Há 75 anos, a Cásper atua na esfera do ensino da Comunicação. A educação para nós é o espaço da criação de projetos coletivos, da garantia do acolhimento de todos e do exercício constante da mediação de conflitos, dentre outros valores. A comunicação para nós é um direito inalienável do ser humano, que implica, em contrapartida também, uma série de responsabilidades a que estão submetidos os cidadãos em uma democracia.

O Regimento Interno da Cásper prevê a adoção de penalidades disciplinares por faltas cometidas por todo e qualquer aluno, devidamente apuradas mediante procedimento administrativo interno, garantindo o direito de defesa aos envolvidos. Já às autoridades policiais e judiciárias competem, respectivamente, a apuração de crimes e a aplicação de penalidades legais que lhes sejam cabíveis.

Lutemos todos por uma instituição justa e não justiceira; que adote sempre a razão esclarecida como guia de suas ações.

Cordialmente,
A Direção