Era 19 horas do dia 16 de outubro. Uma sexta-feira com o trânsito caótico na cidade de São Paulo e com ameaça de chuva que não chegou a se concretizar na região da Avenida Paulista – e nem em lugar nenhum. Estava marcado para essa data que os Casperianos da turma de 1984 iriam realizar o evento de 30 anos da formatura deles.
A reunião que começou tímida, foi ganhando grandes proporções pelas risadas, abraços e boas memórias que cinco formandos começaram a relembrar logo após dez minutos da hora marcada.
“O poder não te fez bem˜, começa a dizer André Porto Alegre, para o grupo em frente à sala Aloysio Biondi, na Faculdade Cásper Líbero. “Lembro bem das Diretas, de quando você se vestia de sósia do Collor, com faixa presidencial nos trios elétricos… a gente passou cada vergonha”. E risadas e mais risadas são direcionadas a Hélcio Magalhães, que ao invés de seguir carreira “política”, seguiu o caminho, como ele próprio diz, de “ator-mentado”.
“Na época”, relembra Hélcio, “eu estava fazendo uma peça de teatro e acabei fazendo uma coisa ou outra como sósia do Collor… Nem acredito que eles ainda lembram disso”. O ator, formado em jornalismo, tinha os cabelos grisalhos repartidos ao meio, usava camisa azul e tinha a voz grossa.
Embora nem todos vão admitir, a idade da turma era em torno dos 50 anos. A professora Isabel Sampaio, que na época se sentia “a tia da turma por ter 21 anos”, diz que não tem mais de 20. Quem sou eu para duvidar da conta?
Com o passar dos minutos, o encontro foi tornando-se cada vez mais íntimo, antes mesmo da solenidade que seria feita. Quando Paulo Tadeu, da Editora Matrix e organizador do reencontro, chegou, as risadas encontraram um ponto em comum.
Pelas 20h finalmente começou o evento na Aloysio Biondi. Entre dezessete formandos, estavam jornalistas que passaram pelos jornais Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Diário de São Paulo, Folha da Tarde, Gazeta Mercantil, Gazeta Esportiva. Que passaram pela TV Globo, Gazeta, SBT, Record. Pelas rádio Capital, Eldorado, Gazeta AM. Editoras Abril e Globo. Fora assessorias, empreendimentos próprios, mudanças do jornalismo para outras profissões. Alunos que, 30 anos após a formatura, continuam se sentindo completos pelas escolhas.
O coordenador do curso de Jornalismo, o professor Carlos Roberto da Costa, deu início oficial à celebração informando que o professor Erasmo de Freitas Nuzzi, que foi diretor em alguns períodos da Cásper, não pôde comparecer por motivos pessoais, mas que deixou palavras carinhosas para todos.
Os Casperianos sorriram como se estivessem todos com uma mesma memória compartilhada. “Eu tirei nota dez em taquigrafia”, retoma Carlos Costa o discurso. “Vocês tiraram essa nota com o Erasmo? Ele me dava 10, porque tive esse curso com um padre no seminário que ele era amigo.”
Paulo Tadeu faz uma piada sobre o caso e todos riem – parece que esse é um costume de muito tempo para aqueles jovens-adultos, que muitos ali não voltavam à Cásper desde 1984
Em meio as cadeiras azuis e o forte ar-condicionado da sala Aloysio Biondi, foi passado um vídeo institucional de como está atualmente a Faculdade Cásper líbero, que quem apresenta é a estudante de Jornalismo Isabella Faria.
Os formandos de 84 pareciam ter muito orgulho do que a Cásper havia se tornado. “Sabe, Adorno”, alguns deles me disseram, “na nossa época, a Cásper era só metade desse quinto andar. Nem essa sala aqui existia.”
Após o vídeo, cada um foi até a frente e se reapresentou aos colegas – com direito no final até a chamada oral. “Pô, na minha época era lista de chamada, não tem como ninguém ir assinar meu nome, não?”, brincou Paulo Tadeu.
Nas apresentações, tantos os formandos de 1984, quanto eu e o professor Carlos Costa, pudemos matar a curiosidade do que cada um deles fez durante esses 30 anos. André Porto Alegre e Maura se casaram – e conheceram-se na Cásper, estudaram na mesma turma. Henrique Stroeter ganhou fama como Tíbio – ou seria o Perônio? – do Castelo Rá-Tim-Bum para a minha geração, e para dos mais novos, como ator de Carrossel.
Dante Grecco Neto lançou ano passado, ao lado do professor de Jornalismo Básico I Celso Unzelte, o livro do Mundial do Corinthians.. Na reunião, até o que “não aparecia nunca nas aulas” – e que por sinal não estava na lista – compareceu: Sérgio Garcia.
Após a reapresentação, foram todos jantar num restaurante próximo da Faculdade. Com a conversa cada vez mais alta e fotos que marcavam o reencontro de uma turma que se gostava muito, o evento foi muito proveitoso. Alguns se perderam e não chegaram a tempo para a primeira parte na sala Aloysio Biondi, outros só conseguiram ir para a janta.
É como diz Paulo Tadeu: Faz 30 anos, mas é como se tivéssemos visto todo mundo ontem mesmo. A conversa continua exatamente de onde parou.