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Pira Olímpica na frente da Igreja da Candelária, onde começa o Boulevard Olimpico, região que foi revitalizada para os jogos | Foto: Helena Jacob

 

Na sexta-feira 5 de agosto, o Brasil tornou-se novamente o centro das atenções do mundo ao dar início aos Jogos Olímpicos – o segundo grande evento esportivo sediado no país em dois anos.

A Profa. Dra. Helena Jacob, Coordenadora do Curso de Jornalismo da Cásper Líbero, viajou para o Rio de Janeiro e esteve na Cerimônia de Abertura, ocorrida no Estádio Mário Filho, o Maracanã.

A docente passou o fim de semana na Cidade Maravilhosa e assistiu à algumas modalidades olímpicas, como a Ginástica Artística, a Esgrima e o Vôlei, entre outros. Da cidade-sede, ela escreveu breves relatos sobre o que viu e ouviu nesses dias em que passou acompanhando os Jogos Olímpicos.

 

Abertura inesquecível traz grandes desafios para a Rio 2016 e as futuras Olímpiadas

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A gigantesca arena de vôlei da praia em Copacabana: sucesso de público, a estrutura é toda de metal e será desmontada depois do fim do torneio | Foto: Helena Jacob

A Rio 2016 não vinha alimentando muitas esperanças na opinião pública brasileira. Da escolha do Rio de Janeiro, em 2008, como país sede, até 5 de agosto de 2016, quando a Cerimônia de Abertura tornou realidade a expectativa dos últimos oito anos, muitos problemas marcaram o evento: atrasos nas obras de transporte público, gastos que chegaram a cifras exorbitantes, a não despoluição da Baía da Guanabara, a ameaça do vírus Zika, entre muitas questões.

Mas a Cerimônia de Abertura no Maracanã, o mais tradicional estádio brasileiro, foi uma grata surpresa ao realizar um espetáculo de baixo custo – 10% do total investido na abertura das Olimpíadas de Londres em 2012 – e mostrar uma imagem multicultural do complexo país que é o Brasil.

Com a marca da sustentabilidade, o espetáculo foi criado e dirigido por Daniela Thomas, diretora teatral, Andrucha Waddington e Fernando Meirelles, diretores de cinema, televisão e publicidade. A violenta história da formação do Brasil de hoje, os impactos ambientais do nosso modelo de produção humana, a necessária discussão de gênero, a força das mulheres e a diversidade do nosso país estiveram presentes.

Discussões fundamentais que renderam um espetáculo inesquecível com momentos memoráveis, como o Hino Nacional cantado por Paulinho da Viola; Elza Soares entoando Canto de Ossanha, de Vinícius de Moraes, e Gisele Bündchen desfilando pela maior passarela da sua carreira, o Maracanã; a tocha olímpica chegando ao Maracanã nas mãos dos grandes Guga, Hortência e entre outros.

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Maracanãzinho cheio para Rússia x Cuba (7 de agosto) | Foto: Helena Jacob

Mas apesar do necessário momento catártico, tão necessário para os brasileiros que insistem em serem menores do que qualquer outro povo, eternamente em síndrome de vira-lata, é preciso discutir o formato gigantesco de um evento como as Olimpíadas, que geram enormes impactos para o país-sede.

A emoção da abertura deverá impulsionar a discussão, justamente ao colocar a sustentabilidade como marca principal – um paradoxo quando vemos o imenso uso de recursos naturais e geração de lixo de um evento deste porte. Precisamos acompanhar com atenção o futuro da discussão de megaeventos.

 

É ouro – Rafaela Silva e o Rio de Janeiro

A primeira segunda-feira dos Jogos Olímpicos Rio 2016 teve também o primeiro ouro do país-sede. Ouro de Rafaela Silva, judoca, negra, humilhada após desclassificação em Londres, há 4 anos.

Ouro que diz muito do Rio de Janeiro. Ouro da favela, tão renegada pela rica Zona Sul, que faz de tudo para não olhar para os morros e menos ainda para a longínqua Cidade de Deus.

Ouro das mulheres. Ouro das mulheres negras, que sofrem índices de violência inimagináveis na história do país-sede do evento olímpico.

Foi o ouro que abalou e deixou eufórico o Parque Olímpico na tarde de 8 de agosto. Torcedores gritavam “Olé, olé, olé, olá, Rafaela é maior que Neymar.”

Justo. Merecido. Mas é preciso ter cuidado para não transformar Neymar, menino negro da favela de São Vicente, na Baixada Santista, no bode expiatório da vez. Mal assessorado, mimado, cria da mídia que tem interesses apenas mercadológicos, há mais semelhanças entre Neymar e Rafaela Silva do que a empolgação das redes sociais é capaz de nos mostrar. Ainda que Neymar hoje seja muito rico e venha do esporte mais bilionário é incentivado do mundo, a origem é a mesma. Quantas Rafaelas perdemos por não termos uma política real de incentivo ao esporte? Parabéns a essa garota que a tudo superou é que vejamos mais Rafaelas nas próximas Olimpíadas.