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No dia 11 de setembro de 2001, todos se lembram de onde estavam e do que estavam fazendo no momento em que receberam a notícia do atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York. Sérgio Dávila, jornalista correspondente da Folha de S.Paulo na época, teve a oportunidade única de ver com os próprios olhos a queda da segunda torre e toda a cena da tragédia.
Estar no lugar certo, na hora certa. O exemplo da profissão do jornalismo sobre cuja pessoa nos debruçaremos é, sem sombra de dúvida, muito competente, mas teve a sorte como colaboradora em sua carreira.
Sérgio Dávila graduou-se na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, logo em seguida, em 1989, entrou para o Grupo Abril. Trabalhou de início para a revista Playboy, em que redigia, segundo ele próprio, os textos menos lidos do jornalismo brasileiro, as legendas das fotos de mulheres nuas, o que, como conta em tom de ironia durante discurso aos alunos de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, exigia grande pesquisa, entrevistas e criatividade.
Em 1993, começou a escrever para a Revista da Folha. Sérgio Dávila também menciona na mesma ocasião que, ao ser admitido no Grupo Abril, apontou três opções de revistas e/ou jornais produzidos pela editora em que gostaria de trabalhar. Suas escolhas foram a Playboy, a Veja e a Quatro Rodas. Queiram seus interlocutores na Cásper Líbero, jovens jornalistas, ter também sucesso como este, já que, durante sua carreira, escreveu para duas de suas três opções iniciais; conseguiu o que quis, não o que sobrou.
Em 2000, pegou o avião e se tornou correspondente da Folha nos Estados Unidos. Enquanto correspondente, além da imensa reportagem sobre os atentados de 11 de Setembro, tendo sido um dos poucos jornalistas brasileiros a estarem presentes, cobriu também as eleições de George Bush e Barack Obama, além dos conflitos América-Iraque e as tragédias provocadas pelo furacão Katrina.
Dávila é alguém que viu muito do pior do mundo e da humanidade: desastres naturais, atentados terroristas, guerras e eleições polêmicas. Conta sua experiência como observador nestas situações, em que, inclusive, colocou sua vida em risco pela notícia, por reportar acontecimentos importantíssimos para a história mundial. Parafraseando-o, o jornalista ocupa uma posição delicada em situações como estas, já que não deve se envolver emocionalmente com a tragédia que presencia, porém não de tal forma a distanciar-se que não seja capaz de transmitir ao seu leitor a intensidade daquilo que aconteceu.
Dez anos de colaboração no estrangeiro e a realização impecável de sua função de observador em eventos decisivos na história mundial lhe garantiram a posição de editor executivo na Folha de S.Paulo, a qual ocupa até hoje.
Nem por ter visto a humanidade em seus piores momentos, deixa de ser otimista. Sérgio Dávila é um grande entusiasta da profissão do jornalismo. Mesmo tendo contribuído durante toda a vida para a mídia tradicional (escrita), de maneira alguma tem ideias conservadoras sobre as novas mídias.
Conta que, quando chegou à Folha, havia duas redações, a do jornal e a da internet, tão alienadas uma da outra que chegavam a competir entre si. Não sem sacrifícios, buscou – e busca até hoje – consolidá-las em uma só redação, que produz conteúdo de qualidade 24 horas por dia, seja para qual veículo midiático for.
Nos dias atuais, tem-se acesso muito fácil à informação, que está presente com abundância e constância na internet. Jornalistas veiculadores de notícia e informação não se fazem mais necessariamente profissionais específicos dessa área. Tanto que não é mais obrigatório a pessoas desta profissão terem obtido um diploma em curso superior de Jornalismo.
O editor executivo da Folha de S.Paulo vai de encontro a esse culto à crise do jornalismo, em grande parte tornado real com sua proclamação pelos próprios jornalistas. A função do editor, para começar, se faz mais necessária do que nunca no panorama atual do caos de informações disponíveis na rede, em que a tudo é dada a mesma relevância e credibilidade. Mais ainda, a atitude de se ir à rua e buscar saber o que acontece, buscar fontes confiáveis para dar a notícia à população também é indispensável e não se extinguirá.
Por fim, a função social do jornalista deve se perpetuar. Esta é, segundo Dávila, a de trazer ao seu interlocutor a visão daquilo que não está a seu alcance, fazer com que entre em contato com visões diferentes, com espaços diferentes, enriquecendo-o dessa forma. E esse papel continua sendo preciso mesmo com a quebra de fronteiras físicas e de pensamento que a internet proporciona. Da mesma forma que estamos fixos a um determinado espaço territorial e social no mundo físico, no mundo kantiano da rede também. As páginas que chegam ao nosso acesso, os nossos amigos no Facebook, os vídeos que nos são sugeridos pelo YouTube, tendem a reproduzir ideias parecidas com as nossas. A função do jornalista é, assim, trazer às mãos de seu interlocutor, seja por meio do jornal ou de uma página no Twitter, a informação a que não tem acesso, reportar, fazer saber, fazer pensar.
Esbarramos aí em um problema real enfrentado pela mídia atual: “Information wants to be free, but journalists want to be paid”, disse o editor executivo do New York Times. Diferentemente de se comprar um jornal na banca, não se paga para acessar uma página na internet. A informação constantemente livre para quem quiser obtê-la é perfeita para os ideais do jornalismo, porém não é praticável, já que aqueles que têm como profissão trazer a informação precisam ter do que viver.
Para este problema, Sérgio Dávila arriscou introduzir um sistema de cobrança para acessar o conteúdo completo da Folha de São Paulo online, o qual teve uma ótima recepção do público, o que se deve em grande parte à credibilidade que a marca tem na mídia como um todo.
De certa forma, é reconfortante que o mais influente e confiável jornal brasileiro esteja nas mãos de alguém como Sérgio Dávila. Com a atual revolução digital, tudo mudou e os profissionais tradicionais precisam mudar com o mundo. Com uma visão progressista e otimista, Dávila corre contra o tempo perdido em nosso país com relação à revolução dos meios de comunicação, a qual já é razoavelmente mais avançada no exterior.
Por mais que estejamos confinados às telas dos nossos computadores, celulares, iPads, iPods e outros tipos de “i`s”, o mundo lá fora não para e é preciso que alguém nos conte sobre ele. Esta é a função do jornalista, seja de qual tipo for, onde quer que esteja, por quais meios tiver ao seu alcance. Para que reflitamos, é preciso ter contato com o contrário, saber que existem outras visões, outras maneiras de viver e pensar que não estão ao alcance de nossos olhos ou do time line do nosso Twitter.
Um jornalista com uma vida de jornalista, um homem do mundo é Sérgio Dávila., e que está trazendo inovação, crescimento e otimismo para o jornalismo brasileiro.