Varda par Agnès encerra a carreira da cineasta, que morreu pouco depois da conclusão do filme. Com ela morre também muito da experimentação fílmica típica da nouvelle vague. O retrospecto de seus filmes mostra como as novas tecnologias foram incorporadas ao trabalho da diretora belga ao longo dos anos, no qual as cores passaram a dialogar francamente com as trilhas sonoras.
Ninguém melhor do Agnès Varda representou tão bem a figura de uma cineasta com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça“, frase que guiou tantos cineastas em uma época na qual as câmeras eram geringonças apoiadas em grandes tripés. Sem o apego à película, ela aderiu à tecnologia digital deste século, que lhe permitiu explorar a fundo os recursos que a técnica oferece. Varda foi inovadora justamente por realizar filmes sem muitos recursos, preceito que norteou a criação de muitos cineastas em início de carreira, nos anos 1950.
Em sua última obra, Varda não tem a presunção de deixar registrado um grande legado filosófico, como muitos de sua geração. Ela pode apenas sentar em sua cadeira de diretora e encantar o espectador por meio da profundidade sem cerimônia que ela sempre cultivou e foi aprimorando ao longo dos anos de trabalho.