O início do século XXI está assistindo à grande transformação pela qual vem passando o corpo humano – o que propiciou o advento do bodybuilding, por meio do qual aparelhos de ginástica, suplementos alimentares, próteses e sofisticação eletrônica esculpem corpos ao gosto do freguês. A busca por um corpo excessivamente magro, que, muitas vezes, chega à anorexia está associada à sociedade do consumo, estimulada por campanhas publicitárias que estabelecem a busca compulsiva pela beleza física como um ideal.
As mudanças que o corpo humano sofreu ao logo da história têm o sinal da ambiguidade: por um lado, ele deixou de se submeter à tirania exercida pelas religiões, mas, por outro, passou a sofrer um intenso processo de coisificação, seja para atender aos mecanismos narcísicos dos indivíduos modernos, seja para alimentar as ambições da ciência, que faz cada vez mais tábula rasa do que é essencialmente humano.