“Nossa vida daria mesmo um filme?” é a pergunta comum que o espectador se faz ao assistir ao documentário Varga por Agnès, no qual a cineasta belga transforma o próprio fazer cinematográfico na matéria principal da obra. Agnès mostra, em retrospectiva, suas realizações pessoais e profissionais, mais preocupada em discutir a forma artística do que os conteúdos veiculados por ela. É o fazer e não o quê que importa. Tal distinção é bastante expressiva para a realizadora, por combater a ideia de que o objetivo alcançado seria mais importante do que o caminho percorrido.

Se nossa vida virasse um filme nos moldes propostos por Agnès, as escolhas, reflexões e atitudes que nos levaram aonde chegamos seriam valiosas, relevantes, pertinentes? O ensinamento da cineasta mostra que o percurso é mais cinematográfico do que o destino que se almeja alcançar. Basta ter a consciência de que narrar a própria história é experimentar a história em si.