O filme francês Não sou um homem fácil resume-se à pergunta “quer que desenhe?”. Para mostrar a importância do feminismo, a obra propõe a inversão da dominação de gêneros. O personagem Damien, machista nato, vê seu mundo virar de ponta-cabeça ao se tornar o “sexo frágil” da sociedade. Com a inversão, o machismo é ridicularizado. Quando as mulheres são o sexo “dominante” e os homens são objetificados e assediados, a disputa de poder entre os sexos se torna absurda. Dessa forma, o filme questiona por que o tratamento dado aos homens no mundo invertido é ridículo, mas às mulheres, em uma sociedade machista, é normal.
Não sou um homem fácil submete o espectador a tal reflexão, mas, ao mesmo tempo, utiliza clichês de comportamentos sociais para descrever o machismo. A partir da discussão proposta, também compara a feminista e o masculista. Contudo, a produção francesa pode soar um pouco vulnerável, pois distorce o feminismo. Ao apresentar Damien como masculista, oposto de feminista, sugere que o personagem não quer igualdade, mas, sim, que a sociedade volte a ser como era antes: mulheres submissas aos homens. Ao longo do filme, as questões de sexismo são suprimidas por cenas melodramáticas, focando no romance entre Damien e a personagem Alexandra. Apesar de apresentar um debate sobre o feminismo, Não sou um homem fácil não rompe com o clichê, não atingindo a expectativa de ser uma obra transformadora.