Em outubro de 2018, Roger Waters foi vaiado durante as apresentações da turnê “Us + Them”, no Brasil. Três semanas antes das eleições que levaram Jair Bolsonaro à presidência, foi difícil entender o motivo das vaias. O ex-Pink Floyd não fez nada diferente do que vem fazendo nos últimos 40 anos.

Principal compositor de álbuns clássicos dos anos 1970, voltados ao combate do autoritarismo político, Waters excursiona com um cover de luxo do Pink Floyd e mantém o tom das críticas, expressas em meio às animações dos telões e do espetáculo pirotécnico. Entre um show e outro, o que muda é o nome dos políticos a serem criticados. O alvo brasileiro foi o então presidenciável Jair Bolsonaro. Waters aderiu à hashtag #elenão para delírio de uns e desespero de outros.

Em resposta às vaias, xingamentos e ofensas, o músico de 75 anos, mais velho que a esmagadora maioria das pessoas no estádio, disse preferir a liberdade dos protestos às ditaduras do passado. Quem dedicou quase toda a carreira a combater o autoritarismo pode ser lacônico, quem optou por comprar ingresso e ir ao show pode protestar, enquanto reflete sobre as letras de Animals – álbum que não fala sobre animais de estimação.

Obs.: Excelente nota crítica, muito bem escrita e com uma ótima ironia final!