O documentário Varda por Agnès é uma aula de cinema. A própria diretora se coloca como protagonista da obra, compartilhando com o espectador sua trajetória como cineasta e artista visual, campos artísticos nos quais a grande qualidade da artista é captar o inimaginável.
Em tom de despedida, Agnès se vê cercada pela morte, um elemento sempre presente em seus filmes, seja nas cores, na narrativa, na fotografia. Quando relembra seu amigo Guy Bordin, fotógrafo, e mostra algumas fotos que tirou dele, o olhar da cineasta se transforma. É digna de nota a beleza que ela consegue captar e expor diante do luto. Guy e Varda tinham em comum o olhar exótico, avesso ao óbvio das cenas cotidianas. Entretanto, diferentemente de Bordin, que chegou a anunciar que gostaria que tudo fosse queimado após sua morte (para sorte da fotografia, isso não aconteceu), Agnès manteve-se fiel aos conceitos que sempre pautaram seu processo criativo: inspiração, criação e compartilhamento.