Em clima de despedida – a predominância de cores escuras não deixa mentir –, Varda por Agnès é, além do registro da trajetória da cineasta belga radicada na França, um legado para as futuras gerações de cineastas. Não é à toa que é possível notar alguns rostos jovens na plateia, que acompanha, nem sempre atentamente, os comentários da autora sobre sua própria obra.

Em um primeiro momento, a narrativa parece se estender demais, mas logo o espectador que não estiver pautado somente pelo ritmo sempre alucinante dos produtos da indústria cultural haverá de perceber que se trata de uma forma autoral de fazer cinema. As três palavras destacadas pela cineasta-professora ao longo do filme – inspirar, criar e compartilhar – animam seus alunos. Afinal, Varda por Agnès compartilha a inspiração da artista, que concebeu um cinema bastante original.