Parece um cinema antigo e charmoso, como aqueles que existiam na década de 1950. Todos os assentos estão ocupados, e o público está concentrado participando de uma conversa com Agnès Varda. Tal é a primeira cena de Varda por Agnès, último trabalho da cineasta belga que morreu em 28/3/2019, às vésperas de completar 91 anos. Sentada em uma cadeira diante da plateia, ela parece estar participando de um workshop sobre si mesma, discorrendo sobre técnicas do cinema, como enquadramento, plano sequência, câmeras, roteiro…
Em uma espécie de aula magna, numa sala lotada, a diretora descreve como o cinema foi a inspiração de sua vida e as pessoas, a inspiração para seus filmes. “Se abrirmos uma pessoa, que paisagem encontraremos dentro dela?”. Quase como uma antropóloga, Agnès trata o ser humano, suas paixões, questionamentos e tristezas, como o objeto principal de seu trabalho. O filme soa bastante simples para aqueles que já conhecem a obra de Varda. Para os demais, constitui uma instigante porta de entrada.