Quando a Rede Globo exibiu os primeiros teasers de sua nova novela das 18h, Órfãos da Terra, imediatamente o público comparou o folhetim com um grande sucesso da casa, O Clone. No entanto, depois de a produção estrear na telinha, a associação passou a soar muito frágil. Apenas o figurino e a ambientação no Oriente Médio aproximam ambas os trabalhos. Abordando um tema bastante atual e até então inédito na dramaturgia brasileira – os refugiados de guerra –, a história vem conquistando a audiência com uma trama ágil. Não há demora no desenvolvimento do enredo e o roteiro não subestima o telespectador, dando espaço para que ele interprete as situações sozinho.
Sem romantizar demais o drama dos refugiados, a história também abre espaço para a discussão de temas como machismo, relações familiares e violência e aposta no talento dos atores para sustentar a complexidade dos personagens. Julia Dalavia, por exemplo, faz de sua primeira protagonista na TV uma mocinha cheia de nuances.
Por falar em elenco, as autoras não têm medo de queimar cartuchos e descartar personagens fortes. Atores consagrados como Leticia Sabatella e Herson Capri se despediram de Órfãos da Terra com menos de um mês de folhetim, fato que ressalta a confiança das escritoras em seus protagonistas, Dalavia, Renato Góes e Alice Wegmann, considerados novatos. Por fim, direção e fotografia – dignos de cinema – ajudam a fazer dessa obra global o melhor produto da televisão aberta nos dias de hoje.