A música no início do filme remete a uma sensação nostálgica levando o espectador a acreditar que irá acompanhar os assuntos pretéritos da vida de uma cineasta. Ledo engano. Em sua última obra, Varda por Agnès, a cineasta belga Agnès Varda surpreende uma vez mais com sua maneira informal de alçar o banal à condição de arte. Ao mesmo tempo em que fala da morte, a cineasta repara com delicadeza em muitos detalhes da vida, lançando um olhar fraternal seja para pessoas que passam por dificuldades, seja para os atores que trabalham com ela. Quando isso corre o risco de se tornar monótono, ela nos diverte com cenários e objetos exóticos, que sempre levam a alguma reflexão, ousando brincar até mesmo com seus problemas pessoais, ao falar da doença que prejudicou sua visão, mas não sua maneira de olhar o mundo.