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Pôster do filme

Prensa, tipos móveis, máquina de escrever, rolos de impressão. É assim que começa A Primeira Página (The Front Page), filme de 1974, adaptado da peça teatral de Ben Hecht e Charles MacArthur pelo diretor estadunidense Billy Wilder.

A história se passa em Chicago, nos ano de 1929. O principal repórter de um jornal, Hildebrand Johnston (Jack Lemmon), decide abandonar sua vida agitada de ‘newspaperman’ e se mudar para Filadélfia com sua futura mulher, Peggy Grant (Susan Sarandon). Walter Burns (Walter Matthau), editor do jornal, não fica nada contente com a decisão de Hildy e, através de diversas artimanhas, tenta impedir o casal. Ao mesmo tempo, um condenado à forca foge e Hildy se encontra com a história do século em suas mãos, restando saber se seu instinto jornalístico falará mais alto. 

O filme é uma lição de história do jornalismo, não só pelo método de impressão que é mostrado no começo, mas também pelas características do fazer jornalista. Os repórteres mostrados na sala de imprensa estão constantemente bebendo, fumando e jogando cartas, quando algo acontece, eles correm para seus respectivos telefones de linha direta com a redação e retratam a cena. Há também o novato, cujo faro jornalístico não está suficientemente apurado e acaba se tornando o mais atrapalhado. Um de seus piores erros foi ter molhado o negativo de uma foto por urinar nas calças durante um tiroteio.

Abigail Radnor

Walter Mattahu (centro) e Jack Lemmon (dir.) conversam
com o diretor Billy Wilder, durante as gravações do longa

As frases que mais revelam a mentalidade da época em relação aos jornalistas são as do editor. “Case-se com um coveiro, case-se com um carteiro, case-se com um batedor de carteiras, mas nunca com um jornalista!”, esse é o conselho que Walter deu à Peggy para convencê-la a não casar com Hildy. Outro indício do jornalismo dos anos 20 é a forma como Walter encomenda a matéria para Hildy, com muita descrição, detalhes e rebuscamento, bem no estilo jornalismo literário. Complementa dizendo: “Algo impactante, se precisar invente.”. “Jornalistas […] com caspas nos ombros, buracos nas calças, espiam nas fechaduras […] e no dia seguinte alguém embrulha o peixe com a primeira página.”, é uma visão bem pessimista da profissão que é compartilhada por Hildebrand: “No respect for the press” (Não respeitam a imprensa).

É uma história que faz qualquer estudante de jornalismo sonhar em ser como Hildy que, para não perder a matéria e nem a garota, senta em frente da máquina de escrever e sem piscar constrói a que pode ser a maior história de sua carreira.