A Faculdade Cásper Líbero oficialmente deu início ao ano letivo do curso de Jornalismo de 2017 no dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher. Por isso, nada mais apropriado do que duas jornalistas compondo a mesa de discussão, ainda que em horários diferentes, justificados pela profissão, é claro.
Patrícia Campos Mello, que atualmente é repórter especial do jornal Folha de S.Paulo, foi apresentada pela professora, doutora e fotojornalista Simonetta Persichetti pouco após as 8 horas da manhã, horário marcado para o início da Aula Magna. Patrícia preferiu contar brevemente sobre sua experiência profissional e, posteriormente, abriu o debate para as perguntas do curioso público de estudantes que a assistia. Contou um pouco de tudo o que fez: cobriu a epidemia de ebola no país onde havia maior contágio, Serra Leoa, viajou à Síria, ao Iraque, Líbia, sempre com a premissa de colher informações referentes aos dois lados da história.
“Era o único jeito de ter uma visão completa do cenário, viajando e convivendo com pessoas diferentes. E a gente precisa ter uma visão completa do cenário”, afirma a jornalista.
Patrícia levava com ela as duas coisas que precisava: uma equipe e muita coragem para relatar as mais difíceis histórias. A maternidade, que veio há cinco anos, a tornou mais cautelosa, mas não a impediu de trabalhar produzindo grandes reportagens.
Quando a primeira rodada acabou, foi a vez da segunda convidada compor o sofá do auditório: apresentada pela professora mestre Tatiana Ferraz, a jornalista e Casperiana Maria Júlia Coutinho, atual repórter de meteorologia do Jornal Nacional. Da mesma maneira que Patrícia, Maju relatou brevemente a trajetória de sua carreira: quase se tornou educadora, mas logo percebeu para onde sua vocação apontava: queria ser repórter de televisão.
Segundo Maria Júlia, o principal desafio de falar sobre o tempo é, de fato, não perder a característica de repórter.
“Eu sou uma repórter do tempo, eu tenho um trabalho de apuração. Falando sobre o tempo, a gente precisa selecionar assuntos relevantes para colocar na previsão”.
Quando questionada sobre o caso de racismo que sofreu na internet em 2015, Maria Júlia Coutinho é categórica: “Lido com isso desde que me entendo por mulher negra. Me blindei com a minha família e resolvi a situação com aparatos legais”.
A repórter afirma ainda que precisa relembrar a mídia de tempos em tempos de que, apesar de ser uma figura importante para a comunidade negra brasileira, também é repórter e especialista em meteorologia. “Eu não sou ativista. É mais importante que eu fale o tempo todo sobre a questão racial ou que o meu trabalho de fato reverbere sobre essa comunidade?”.