O curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada esteve nessa terça-feira (26) na faculdade Cásper Líbero para contar um pouco sobre a história de Tomie Ohtake e o instituto. Miyada começou mostrando a última obra produzida por Ohtake em 2014 aos 100 anos de idade. A primeira vista, foi possível observar somente uma tela branca, entretanto, ao recapitular a história de vida da artista, é possível perceber a intenção de produzir algo que não fosse repetitivo, mas que ainda retomasse a ideia de fusão entre gesto e material e que tivesse um ar silencioso e de adeus.
Foi pontuado também por Paulo Miyada o contraste de cenários vividos por Tomie Ohtake, pois a artista residia em Kyoto, cidade com poderio de propagação e preservação de tradições e costumes, mas decidiu se mudar para o Brasil uma vez que no país tropical era possível fazer experimentações artísticas. Tomie Ohtake gostava de poder viver num ambiente radicalmente diferente do Japão e se sentia confortável com a ansiedade brasileira.
No Brasil a artista se transformou em uma grande pesquisadora de formas abstratas, pois acreditava que cada trabalho pudesse surgir a partir da exploração máxima da capacidade de cada material. Ao final da palestra, Miyada ainda acentuou que Ohtake se preocupava muito com a cor, o gesto e a materialidade das suas obras, entretanto, em nenhum momento a artista se propagou a fim de construir uma identidade visual. A intenção era fugir de significados e de afinidades estéticas. O instituto, portanto, reúne as obras da artista e se preocupa em celebrar sempre o imprevisível e manter a ideia de experimentações artísticas.