No último dia da 9ª Semana do Audiovisual do Curso de Rádio, TV e internet, o Teatro da Faculdade Cásper Líbero assistiu a um debate sobre a nova onda de programas gastronômicos na TV, com a presença de Daniel Griman, diretor de conteúdo da Fremantle, e Carlos Bertolazzi, apresentador do reality show “Cozinha sob pressão – Hell’s Kitchen”.
Nas palavras de Griman, o reality possui um formato voltado para chefs, mais centrado em retratar a dinâmica de uma cozinha profissional: “não é um reality que te ensina a cozinhar, é um reality de gente”. A última temporada do programa teve ótimos números de audiência, mostrando que o gênero está mesmo em alta na televisão – o sucesso de concorrentes da atração, como o “MasterChef”, da Tv Bandeirantes, é outro exemplo.
Daniel Griman contou a breve história da chegada do formato Hell’s Kitchen ao Brasil. Viabilizada pela Fremantle e comprada pelo SBT, o programa gastronômico já tinha sido adaptado para diversos países, com notoriedade para a versão britânica do conhecido chef Gordon Ramsay. Entretanto, culturas diferentes exigem abordagens diferentes – justamente o tema discorrido em sequência pelos convidados. O processo de adaptação, ou nas palavras do bem-humorado Bertolazzi, o processo de “tropicalização” do reality contaram com fatores como a mudança do nome para “Cozinha sob pressão”, com o intuito de familiarizar melhor os espectadores; a construção, por parte de Bertolazzi, de um chefe mais sarcástico, parecido com ele mesmo em seu ambiente de trabalho – portanto alheio ao estereótipo de Gordon, que eleva a crítica a um tom agressivo e pessoal; a necessidade de entender as peculiaridades do público brasileiro e criar uma empatia inicial, para depois intensificar a dinâmica explosiva característica do reality e, também, substituir o nome adaptado (Cozinha Sob Pressão) para o nome original (Hell’s Kitchen).
A abertura do espaço para perguntas enriqueceu ainda mais a mesa de debates, tornando o encontro mais dinâmico. Já na primeira pergunta, Bertolazzi falou sobre o sucesso dessa mistura de reality com gastronomia, citando a repercussão gerada em redes sociais como o Twitter. O assunto entrou em pauta novamente em um segundo momento, quando uma questão relacionada a audiência – se o programa atraiu um novo público – foi levantada. De fato, Griman afirmou haver atração de um público que leva o online para a TV, principalmente por meio de “tweets” sobre o programa enquanto ele está no ar – um exemplo foi a chegada do Cozinha Sob Pressão nos “Trending Topics” no final da segunda temporada. A rede, neste caso, funciona como uma “segunda janela” para a audiência.
Uma outra questão, de grande proveito para os alunos de RTVI, foi levantada em uma pergunta sobre programas culinários veiculados em canais como YouTube. Qual a importância desses novos modelos? O chef Bertolazzi, que já trabalhou na internet, disse acreditar em um casamento entre o conteúdo online – para ele, claramente um fenômeno de extrema importância – e o conteúdo televisivo: “eu vejo como dois canais distintos, mas não necessariamente um exclui o outro”. Exemplificou seu argumento com o canal SBT, que produz para a TV, mas disponibiliza praticamente todo seu conteúdo online em parceria com o YouTube.