A poucas horas do final da COP23, as delegações já estão na expectativa em relação à próxima cúpula climática, na Katowice, Polônia, um dos maiores emissores de gases do efeito estufa.
As especulações negativas começaram a aparecer diante das contradições entre a luta para mitigar as mudanças climáticas, norteada pela redução do consumo de combustíveis fósseis, e o fato da Polônia ser grande produtor e consumidor de carvão. Mais de 80% da energia produzida no país que sediará a COP24, de 3 a 14 de dezembro do próximo ano, vem do carvão.
Entre 2013 e 2016, a Polônia gastou cerca de 1,9 bilhões de euros por ano com minas de carvão e setores de energia. Segundo estimativas do Instituto WiseEuropa, grupo independente responsável pela análise da política e economia europeias, a estimativa é chegar, até 2030, em 2,6 bilhões de euros.
Jan Szyszko, ministro polonês do Meio Ambiente e presidente da COP24, garantiu que o seu país fará os esforços necessários para alcançar um processo transparente de negociações alinhado com o Acordo de Paris, considerado por ele um dos pactos globais mais importantes da atualidade.
Visto com desconfiança por parte do público presente na Conferência do Clima, em Bonn, Alemanha, que chegou ao fim nesta sexta-feira, 17, o governo polonês declarou que vai trabalhar duro para garantir a redução da emissão de dióxido de carbono.
O país sede da COP24 negocia o uso de combustíveis fósseis com a Europa, tentando entrar em um acordo para que seu uso seja compatível com a proteção climática. A maior preocupação é em relação aos 80 mil mineradores que trabalham nas indústrias de carvão.
Jamie Henn, co-fundador da Organização 350, órgão ambiental não governamental que se opõe ao uso de carvão, petróleo e gás natural, afirmou ser necessário pressionar os governos para alcançar um futuro com energia limpa. “Saindo desta conferência e tendo em vista a COP24, em 2018, na Polônia, nossa meta é nos livrar de combustíveis fósseis para incentivar comunidades de diferentes partes do mundo a apoiar a causa, mesmo que com pequenas atitudes“, ressaltou Henn.
O subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, José Antonio Marcondes, compartilhou as expectativas do país para o ano que vem, reafirmando a importância do Acordo de Paris. Segundo ele, “até a COP na Polônia, todos os que permaneceram no acordo devem preparar um terreno fértil para continuar a agir“.
Atuação do Brasil na COP23
A participação do Brasil na COP23 foi marcada por altos e baixos. Se, por um lado, o país conseguiu receber dinheiro da Alemanha e do Reino Unido para proteger a Amazônia do desmatamento – foram 235 milhões de reais vindos dos alemães e outros 185 milhões de reais do Reino Unido. Por outro, ele foi vencedor do prêmio “Fóssil do Dia”, atribuído pela rede CAN (Rede de Ação Climática, na sigla em inglês), uma instituição que agrega mais de 1.100 ONGs de 120 países. A premiação é para os países que se opõem ou atrapalham as negociações climáticas.
Foi a tramitação da Medida Provisória (MP) 795 que mais pesou na imagem brasileira no cenário climático, intensamente criticado pelos ambientalistas presentes na COP23. Caso aprovada, a MP 795 estenderá por mais 20 anos um programa do governo federal de subsídio à exploração de petróleo e gás natural.
Mesmo recebendo essa distinção, o Brasil anunciou sua candidatura para sediar a COP25, em 2019. Pelo Twitter oficial do Ministério do Meio Ambiente, o ministro José Sarney Filho reforçou a candidatura. “O governo brasileiro está disponibilizando o país para sediar a COP25”.
De acordo com o regulamento da ONU, em 2018, a cúpula climática deverá ser sediado na América Latina ou no Caribe.