Produzido, dirigido e escrito pelo cineasta americano Billy Wilder, o filme narra a história de Chuck Tatum, um jornalista em declínio que trabalha em um jornal de Albuquerque, uma pequena cidade na qual as boas notícias são raras. Porém, o jornalista se depara com a história que pode mudar o rumo de sua carreira: Leo Minosa, um homem soterrado na montanha dos sete abutres. A produção mostra como Tatum tira proveito desse homem e faz com que sua notícia vire uma empreitada megalomaníaca que envolve Lorraine a esposa e o xerife Gus Kretzer.
Chuck Tatum forja personagens; a esposa cansada de seu marido e prestes a abandoná-lo tem de interpretar o papel e de um quase viúva devota e Gus Kretzer, o xerife corrupto passa a ser um homem complacente. Todos usam Leo para atender aos seus interesses: Lorraine usa o dinheiro pra ir pra Nova Iorque enquanto o xerife busca sua reeleição e Tatum sua antiga notoriedade no jornalismo.
O filme de Billy Wilder foi lançado um ano após seu maior sucesso “Crepúsculo dos deuses” e não foi bem recebido pela crítica e pelo público. A obra expõe um lado obscuro do jornalismo sensacionalista, e muito além disso revela o caráter oportunista do homem que passa por cima da ética para poder tirar proveito de qualquer situação. No filme, Tatum usa diversas estratégias para prolongar a estádia de Leo debaixo das pedras para obter a manchete dos jornais por um tempo maior. Lorraine chega a dizer “tudo que você quer é ter algo para imprimir. Você gosta daquelas pedras tanto quanto eu”. Um turbilhão de acontecimentos ocorre em torno de Leo, tudo vira um grande circo no qual o único objetivo é o lucro e a notoriedade, não mais salvar a vida de um homem. No final, todos esses fatores matam Leo.
Billy Wilder fez um filme perene que está no coração do debate sobre o jornalismo na atualidade. A montanha dos sete abutres é uma referencia para entender o interesse por trás da notícia. Chuck Tatum transforma a história de um único homem em um espetáculo e se pararmos para pensar essa situação não é incomum.