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A 4ª Roda de Conversas do projeto Conversando a Gente se Entende aconteceu no dia 13 de setembro, na Faculdade Cásper Líbero, com a participação do cacique Megaron Txucarramãe, caiapó do Parque Nacional do Xingu.

Com fala pausada e em companhia da esposa, de dois filhos, uma menina e outros “parentes”, como os apresentou o convidado, Megaron foi recebido pelos jornalistas Juliana Arini e Nilthon Fernandes de Oliveira Junior, pelo coordenador do Mestrado e líder do Grupo de Pesquisa Comunicação, Jornalismo e Epistemologia da Compreensão, Dimas A. Kunsch, e pela Relações Públicas Viviane Mansi para compartilhar sua história e preocupações com a preservação das áreas indígenas no Brasil.

O diálogo em torno da construção da usina de Belo Monte, no Pará, permeou a conversa, mas ficou nítido que este é apenas um dos problemas que hoje preocupam os indígenas. Há uma luta, que já vem de muito longe, pela demarcação de terras e proteção da população indígena do país e de seus saberes.

Ao todo, mais de um milhão de índios vivem em terras “protegidas”, informou Megaron. Um dos assuntos que mais os preocupam na atualidade é o modo como as autoridades vêm pensando em atender à crescente demanda por energia elétrica no Pais,  com projetos envolvendo a construção de algumas dezenas de usinas hidrelétricas na Amazônia.

Belo Monte, em fase de construção, representará quase 10% do total da potência elétrica do país. Será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Itaipu, em Foz do Iguaçu, e de Três Gargantas, na China. A produção de energia com base no modelo das hidrelétricas traz consigo demandas difíceis de conciliar.

No caso de Belo Monte e de outros projetos, a construção alagará parte das terras indígenas, terá impacto na piracema e, com isso, na reprodução de peixes, forçando em alguns casos a migração de comunidades indígenas para outras áreas, com a consequente perda da memória ligada a terras ancestrais.

Megaron, assim como seu tio Raoni, outro ícone da luta pela proteção dos indígenas, tem feito alianças com outras tribos, além de peregrinar por diversos países para chamar atenção para o assunto. Já esteve na França, Suíça, Bélgica e Holanda.  Já falou ao papa. Aqui, no auditório da Cásper Líbero, pediu o mesmo que pede para autoridades, ONGs e igrejas: respeito ao indígena.

Depois de uma intensa conversa sobre a necessidade do diálogo, em que palavras pouco presentes nos discursos oficiais foram ditas, tais como sonho, amor, ideal, espírito, tristeza e tantas outras, todos refletimos sobre a urgência de buscar caminhos mais compreensivos para construir o país.

A modernidade, o progresso e o desenvolvimento cobram às vezes preços altos demais, e precisam ser mais discutidos. É preciso, sobretudo, envolver mais os próprios brasileiros em busca de soluções que acomodem diferentes necessidades.

As palavras de Megaron, ao final do evento, apontam um caminho: diálogo. “Obrigado por me ouvirem. Por ouvirem os indígenas”.

As Rodas de Conversas fazem parte do projeto de pesquisa Conversando a Gente se Entende, vinculado ao grupo de pesquisa Comunicação, Jornalismo e Epistemologia da Compreensão, do Mestrado em Comunicação da Cásper Líbero, sendo abertas à comunidade acadêmica e empresarial.

No vídeo abaixo, o cacique Raoni, tio de Megaron, pede ao papa Francisco que fale com a presidente Dilma Rousseff sobre a causa indígena.