Por Ana Luiza Sanfilippo, estagiária do Núcleo de Mídias Digitais

A frase “são necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la”, de Warren Buffett, sintetiza o trabalho de gestão de crise.

A assessoria de imprensa é muito importante para todas as empresas e pessoas que possuem alguma relevância no mercado, assim, com a área esportiva não é diferente. Esse nicho da comunicação fica responsável com a assistência e orientação para manter a reputação e a imagem do assessorado positivas aos olhos da imprensa.

No esporte, uma das editorias de entretenimento que mais se destaca atualmente, a assessoria se mostra essencial para resolver diversas questões.

O que é assessoria?

Antes de mais nada, assessoria de imprensa é uma área da comunicação que tem como função estabilizar a relação do cliente com a mídia e o público. Por trás da assessoria, está a função de conversar com a imprensa para divulgar positivamente o assessorado, treinar o assessorado para dar depoimentos, gerir possíveis crises midiáticas e oferecer informações de qualidade para jornalistas.

Segundo o professor Ricardo Nóbrega, docente da pós-graduação da Cásper Líbero e especialista em comunicação e media training, são algumas das atividades a serem trabalhadas pelas assessorias de imprensa:

(Assessoria de Imprensa) É um conjunto de ações para lidar com situações emergenciais que podem afetar negativamente a reputação e a imagem de uma empresa, organização ou pessoa pública.

Quais são as diferenças entre a assessoria tradicional e a do âmbito esportivo?

Os processos são parecidos nos dois segmentos. Ambos têm que lidar com gerenciamento de crise, media training, lidar com a imprensa para tornar o cliente um conteúdo positivamente relevante etc. Porém, segundo o professor Ricardo, o que mais diferencia os dois é que a assessoria na área esportiva mexe com o emocional dos seguidores:

A assessoria de Imprensa no segmento esportivo está atrelada a momentos de lazer e entretenimento. Por esta razão, é necessário um cuidado especial com as questões emocionais que envolvem o público, que aqui também podemos chamar de torcedor. 

Além dos patrocinadores, o torcedor, público-alvo da área esportiva, é quem movimenta esse mercado. 

O que é o gerenciamento de crise?

A gestão de crise envolve, primeiramente, fazer um planejamento de possíveis situações que podem acontecer. Assim, a assessoria de imprensa consegue controlar futuros danos:

tabela de gerenciamento de crises usado na assessoria de imprensa

Reprodução: Software Avaliação

 

As empresas de assessoria costumam já ter algumas situações em mente e um passo a passo de como lidar com elas, como mostra a imagem.

Por exemplo, ao planejar uma tabela de planejamento de crise em um time de futebol X, é preciso ter em mente que algum jogador pode se envolver em polêmicas, pode acontecer uma lesão grave em um dos jogos, o técnico pode não seguir o media training entre outras situações. Assim, para cada situação há a melhor forma de se lidar com ela. Ainda que o ocorrido não tenha sido previsto, com a tabela, há mais chances da assessoria encarar com propriedade a crise.

Gerenciamento de crise nos esportes:

As crises de natureza humana são imprevisíveis e, no esporte, são as mais comuns. Por esta razão, o segmento esportivo exige um cuidado especial, pois envolve motivações intrínsecas que fogem do controle das assessorias de imprensa. Por outro lado, o público está atento a qualquer desvio de conduta.

A frase acima, dita pelo Ricardo Nóbrega, enfatiza que nos esportes o gerenciamento de crise é algo frequente. Por envolver a paixão do torcedor, uma situação micro pode se tornar macro em poucas horas. Um simples comentário em uma publicação nas redes sociais pode ser um sinal do que está por vir. É comum ver clubes de futebol, por exemplo, gerenciamento crises que tiveram como origem o posicionamento de atletas nas redes sociais, diz o Prof. Ricardo Nóbrega.

Como melhorar a reputação do cliente após a crise?

Casos grandes de crise no futebol, como os do Robinho, Daniel Alves e Cuca, mancham a imagem do clube e acabam parando o país com um bombardeio de notícias. Então, como a assessoria de imprensa melhora a reputação do clube depois? Como os patrocinadores lidam com esses acontecimentos?

Os clubes têm sua imagem atrelada ao atleta, não tem como fugir disso. Durante uma crise gerada por um atleta, a primeira movimentação do público é cobrar um posicionamento tanto do atleta como do próprio clube. Caso isso não aconteça em um curto espaço de tempo, a situação tende a piorar. Portanto, crise exige agilidade na comunicação, e o silêncio pode custar caro, diz o professor Ricardo.

Além de piorar a reputação do clube, situações como essas fazem com que o patrocínio também se torne um problema. Assim, por causa de polêmicas, muitos times e jogadores acabaram perdendo a parceria com marcas e empresas. A assessoria de imprensa, pode conter crises de consequência extrema, como cita o mestre em comunicação Ricardo Nóbrega:

Casos como o de Daniel Alves (Pumas), Lucas Paquetá (West Ham) e Anthony (Manchester United) mostram essa agilidade na comunicação dos clubes. A primeira movimentação foi afastá-los até que as investigações chegassem ao seu veredito.  Os patrocinadores também são convidados a se posicionarem. Além da imprensa, o próprio torcedor nas redes sociais faz essa associação e passa a cobrá-los energicamente, com marcações do perfil da empresa.

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Foto da capa: Crédito: SERGIO BARZAGHI/Gazeta Press