Em 11 de abril, uma quinta-feira, o jornalista Guilherme Belarmino participou da nossa aula magna para a turma de Jornalismo. Guilherme se formou na Faculdade Cásper Líbero em 2009 e, desde então, se destacou muito em sua profissão, trabalhando como repórter, editor, diretor e redator.
Guilherme começou a estagiar na Rede Globo nos últimos meses de faculdade. Atualmente, trabalha no programa “Profissão Repórter” e está lá há mais de 10 anos. Foi co-diretor do documentário “MC Daleste – Mataram o Pobre Loco”, lançado recentemente pela Globoplay, que conta a trajetória do cantor MC Daleste desde sua ascensão até o seu assassinato.
“As pessoas que retratamos somos nós”, afirmou Belarmino, durante a aula magna “A história por trás da notícia: o desafio da grande reportagem na TV”, ao se referir à responsabilidade e ao compromisso que um jornalista tem para com o seu público ao produzir uma matéria, o que inclui evitar ao máximo reforçar nomenclaturas e estereótipos no texto.
Além disso, recomendou que um jornalista não pode ter a pretensão de “dar voz” às pessoas, porque elas já têm, mas precisa ecoar, ampliar essas vozes, impulsionar uma maior visibilidade àqueles que necessitam.
Com suas palavras e exemplos de atuação como repórter, Guilherme ensinou os estudantes presentes a fazer o bom e velho jornalismo, a ter sagacidade, empatia e a aprimorar o tino jornalístico. Belarmino também observou que ter humildade é essencial.
“A maior forma de autocensura que um jornalista pode ter é a própria vaidade”, disse.
O reencontro do casperiano com os seus novos colegas de profissão e seus antigos professores foi emocionante. A aula foi mediada pelo professor Celso Unzelte, que leciona no curso de Jornalismo da faculdade. Assim, na introdução da palestra, o professor recitou um texto de sua autoria no qual relembra a época em que ele deu aula para o Guilherme. O casperiano se emocionou com o texto e ficou muito feliz em compartilhar suas experiências profissionais com os novos alunos e de retornar à casa.
“Entre os anos de 2006 e 2009, Guilherme Belarmino foi um garoto que como vocês fazia Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. E o Guilherme fazia jornalismo na Cásper porque queria, porque escolheu fazer aqui, já que havia passado no vestibular também em duas outras faculdades, entre elas uma pública. Sim, ele resolveu fazer o NOSSO curso de Jornalismo, mais especificamente na turma JOC, período noturno. Pelo menos no primeiro daqueles quatro anos, quando tive o prazer de tê-lo como aluno na minha disciplina, então chamada Jornalismo Básico I.
Quando estava no segundo ano, o Guilherme deu um depoimento para outros alunos que saiu publicado na edição de junho de 2007 da revista A Imprensa, da Fundação Cásper Líbero. Era o mais antigo órgão laboratorial das escolas de jornalismo de todo o Brasil, publicado desde 1949, e do qual, na época, eu era o editor-chefe.
Aquela reportagem da qual o Guilherme Belarmino participou era sobre os perrengues que os alunos que moravam em outras cidades, como ele, passavam para ir e vir diariamente à faculdade. Porque naquela época o Guilherme ainda saía de Sorocaba, onde morava, às 6 e meia da manhã, e só retornava já no dia seguinte, à uma hora da madrugada.
Entre outras coisas, naquela reportagem do A imprensa, ele contou que o cansaço era tão grande que certa vez o fez perder o ponto em que tinha que descer do ônibus. Quase foi parar na garagem da empresa, e só acordou quando o pai dele o chamou pelo celular. O Guilherme contou, ainda, que achou “estranho” quando percebeu que não tinha descido na rodoviária.
Em outra oportunidade, o Guilherme estava dormindo quando o ônibus quebrou na Rodovia Castelo Branco. Ninguém o chamou, e ele teve problemas para arranjar outra condução. Acabou chegando em casa às 3 horas da manhã. Contou, ainda, que aproveitava o tempo que estava dentro do ônibus para ler e ouvir música, e que graças a isso às vezes ele terminava de ler um livro inteirinho em apenas dois dias.
Mas o Guilherme era mais que um aluno, “diga-se de passagem”, como diria o “Craque Neto”, que vocês tão bem conhecem. O Guilherme era um ÓTIMO aluno. Mais importante, até, do que isso: desde os nossos primeiros contatos, o Guilherme já mostrava aptidão para se tornar aquilo que ele logo viria a se tornar: um excepcional REPÓRTER.
Não por acaso, logo nas primeiras semanas da graduação, o Guilherme começou a estagiar no site Agência Dinheiro Vivo, do conceituado jornalista Luís Nassif, em que falava sobre os problemas das áreas sociais e cobria políticas públicas, mostrando o porquê de elas não funcionarem. Depois, trabalhou no IG e na IT Mídia.
Foi já na reta final da graduação, em 2009, que o Guilherme começou a estagiar no canal GloboNews, na área de produção e na chefia de reportagem. Posteriormente, passou três meses na TV TEM de Jundiaí, afiliada da Rede Globo. Até que recebeu o convite para voltar à Globo, como produtor do programa dominical Fantástico, onde passou mais de três anos trabalhando ao lado de mais um jornalista histórico: Valmir Salaro.
No Profissão: Repórter, programa em que o jornalista Caco Barcellos vai às ruas junto com uma equipe de jovens jornalistas para mostrar os desafios da rotina dos repórteres durante a cobertura de um fato, Guilherme Belarmino experimentou ser produtor, repórter e editor. Até porque muitas vezes era ele mesmo quem produzia, gravava e editava suas próprias reportagens. Mais recentemente, o Guilherme dirigiu e idealizou o documentário MC Daleste – Mataram o Pobre Loco, lançado em fevereiro deste ano e que virou o novo fenômeno de audiência do Globoplay.
Por tudo isso, fiquei muito, muito feliz quando fui convidado pelas professoras Deisy Feitosa, coordenadora do nosso curso de Jornalismo, e Tânia Pinto, vice-coordenadora, para fazer a mediação desta aula magna. E mais feliz ainda quando recebi por whatsapp a confirmação do próprio Guilherme Belarmino, apresentando-se como um “eterno aluno” meu.
Não, Guilherme. Nesta noite, somos todos nós que vamos aprender muito contigo. E é por isso que estamos aqui, para ouvi-lo. Então, uma ótima aula magna para todos nós. Com vocês, Guilherme Belarmino.”