As manifestações, impulsionadas pelas redes sociais, tomaram conta do Brasil neste último mês. Ruas, avenidas e túneis foram cobertos de gente pedindo pela diminuição da tarifa da passagem, e no final, o grito que venceu foi de que não eram por apenas 20 centavos. Televisão, rádio, sites de notícias e jornais relatavam o caos da mudança que girava em torno das cidades por meio de seus enviados e helicópteros, mas eles estavam perdendo o fervor do olho do furacão que temperava aquelas multidões. Afinal, o que estava acontecendo ali no meio? Qual era a cara da rua?
Nesta brecha deixada pelos tradicionais meios de comunicação a mídia N.IN.J.A., ou Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, encontrou espaço para crescer e se expandir. Bruno Torturra e Filipe Peçanha estiveram na Faculdade Cásper Líbero nos dias 26 e 27 de junho e, na manhã do dia 27, conversaram com alunos e professores sobre como tudo começou, compartilharam experiências e como são feitas estas transmissões ao vivo. E não tem como falar da N.IN.J.A. sem a #PosTV, projeto que se iniciou em 2011 após o sucesso das transmissões da Marcha da Maconha e da Marcha da Liberdade. Seu crescimento veio acompanhado de intensos momentos políticos e o objetivo do streaming, transmissão de áudios e vídeos pela internet, é exatamente quebrar o monopólio da grande mídia.
Os programas da #PosTV não se restringem apenas a transmissão ao vivo de manifestações, mas também são formados por debates, transmissões de shows e entrevistas. O projeto coloca em pauta o potencial do público como mídia, não apenas como receptor da mensagem, mas também como produtor, dá a ele o “poder” de traduzir o mundo de outra forma. Experiências virtuais como essa e as redes sociais têm contribuído para a democratização da informação. E este é o grande diferencial, as várias formas de se contar a história com liberdade de expressão absoluta, que é a grande arma da #PosTV e da N.IN.J.A.
E na hora da transmissão, para esses ninjas a regra que vale é a de “se virar”. Com o celular na mão, bateria não se torna um problema, já que na mochila levam um notebook como fonte de energia e até mesmo roteador. Mas quando essa opção também não funciona, o jeito é bater de casa em casa pedindo ajuda. A divulgação dos streamings é feita antes mesmo de se ter organizado como vão transmitir, já que nem sempre o 3G é confiável por causa do número de usuários do local. Então na hora vale tudo. A base de transmissão também é flexível. Tanto estúdios quanto a rua são cenários para os streamings. Mas o que chama a atenção é o carrinho da #PosTV. Um carrinho de mercado rosa-choque transformado em um meio tão eficiente e completo quanto um estúdio com sua mesa de corte, levando duas caixas de som, um microfone aberto, câmeras e o notebook.
A N.IN.J.A. e a #PosTV vêm crescendo junto com as manifestações, trazendo a informação de dentro do movimento, não apenas como observadores, mas também participantes. A intenção é democratizar a informação para que o acesso seja facilitado e sem censura. Estes ninjas mostram que tem outro jeito de se fazer notícias e furos jornalísticos e te dão uma coceira na mão para pegar o celular e começar a filmar, porque afinal, lembram-nos que estas manifestações são nossas.