Data: 19 de outubro
Sessão: Mesa de Abertura
Local: Sala Aloysio Biondi (5º Andar)
Horário: 20h15
Resumo: Vistos muitas vezes como esferas separadas, o entretenimento e a política vem se entrelaçando com força renovada ao longo dos últimos vinte anos. À medida em que os ambientes das mídias digitais e as transformações da indústria cultural se afirmam como espaços de participação política, a própria noção de democracia vem se transformando para dar conta dos cenários contemporâneos. Com isso, verifica-se cada vez mais um desafio colocado pelos ambientes midiáticos à política: como as práticas da democracia se articulam com esse cenário?
Uma das respostas, apontadas por autores diversos como Meyer (2002), Street (1997; 2001; 2010), Van Zoonen (2007; 2008) ou Marques (2010) é uma dupla articulação entre as lógicas da política, derivadas das especificidades do próprio campo, e as lógicas da mídia, pautadas não mais, ou não apenas, pela cobertura noticiosa dos fatos políticos mas, principalmente, pela utilização progressiva de recursos do entretenimento na abordagem do tema – a dramatização dos fatos políticos no jornalismo é apenas um dos indícios que permite observar isso.
Ao mesmo tempo, a presença crescente de temas políticos no entretenimento parece indicar para a existência de uma visão abertamente dramatúrgica dos fenômenos políticos: séries de tv como The West Wing, Yes, Minister, Game of Thrones e, principalmente, House of Cards sugerem uma relação de proximidade cada vez maior entre os dois campos. Em um panorama mais aberto, a presença de discussões a respeito das chamadas “políticas de identidade” ocupam igualmente um lugar progressivo no âmbito do entretenimento, aumentando o escopo do assunto para incluir também questões relacionadas à representação, na cultura da mídia, de grupos e segmentos sociais anteriormente deixados à margem desse círculo.
Com isso, novos desafios se impõem para pensar as relações entre mídia e política. Nesta apresentação, busca-se delinear alguns aspectos dessa intersecção, evitando o reducionismo pautado em modelos fechados. Antes, procura-se entender como as relações entre entretenimento e política acontecem em um cenário de articulação de sentidos em um processo quase ilimitado de significação de discursos e práticas sociais – seja do lado da política, da mídia ou das cidadãs e cidadãos.