No recôncavo baiano, um padre defende o movimento dos trabalhadores sem terra em um momento da votação da lei que modificará as estruturas já precárias da distribuição de terras, favorecendo ainda mais os grandes proprietários. O contexto é extremamente favorável para que o jornalista Michael Coleman consiga, a partir de uma entrevista, um furo de reportagem. O único empecilho, porém, é que o padre Stephen Louis se recusa a falar com a imprensa.
É esse o enredo do filme Jenipapo, dirigido por Monique Gardenberg e lançado em 1995. O filme trata não somente da questão da reforma agrária – a qual não é vista de maneira negativa, como era comum na época -, mas incita uma reflexão sobre a ética e os limites do jornalismo.
Para conseguir o furo para o jornal bilíngue Brazilian Tribune, mesmo com a insistência do padre em não falar com a mídia, Michael começa a utilizar métodos não éticos para conseguir a entrevista antes do deadline.
Apertado com o prazo de entrega e com o emprego em risco, Michael forja uma entrevista e envia para a redação. O texto de Coleman gera grande repercussão, influenciando a vida do padre e do próprio jornalista, que mesmo com o sucesso da entrevista falsificada, não consegue se manter tranquilo.
Após o “furo” de reportagem, deputados modificam seus votos para agradar o povo e a igreja, e padre Stephen acaba sendo assassinado por não manter sua promessa de silêncio perante a imprensa, o que abala ainda mais Michael.
Jenipapo demonstra uma crítica ao jornalismo desprovido de ética, que só se importa em vender. O protagonista é um jornalista presunçoso, cujo objetivo principal é conseguir seu grande furo, sem se importar com questões éticas ou ideológicas. O próprio editor do jornal considera Michael um oportunista, que quer ver seu trabalho publicado.
O filme mostra não somente o poder da imprensa de influenciar desde a vida das pessoas até a política, mas também ilustra tudo aquilo que um jornalista não deve fazer para conseguir uma entrevista.