A Faculdade Cásper Líbero realizou, na última terça-feira (13), o evento “Reportagem em zonas de conflito: estratégias de cobertura e inovações tecnológicas”, que inaugurou o ciclo “Jornalismo em Tempos de Futuridades” com duração prevista para dois anos, até a comemoração dos 80 anos do curso de Jornalismo da faculdade. A palestra, iniciativa conjunta da Coordenação dos cursos de Jornalismo e Pós-Graduação, contou com a participação de Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha de S. Paulo e vencedora do “Reconhecimento à Excelência” do Prêmio Gabo, e do repórter e fotojornalista Yan Boechat para uma discussão sobre o impacto da tecnologia na cobertura jornalística de conflitos.
Patrícia Campos de Mello e Yan Boechat participam de evento sobre jornalismo, na Faculdade Cásper Líbero.
Durante a palestra, os convidados comentaram sobre a experiência que possuíam na cobertura de guerras, mas enfatizaram uma mudança radical observada tanto para a evolução de um conflito armado, quanto para a cobertura jornalística: a digitalização dos confrontos. Com a recente guerra travada entre Ucrânia e Rússia, os jornalistas puderam acompanhar de perto a rotina da população e exército desta região, e ressaltaram a importância dos drones para os combates e conquistas de territórios. “Quais são as regras para uma guerra com drones?”, questionou Patrícia após relembrar que presenciara um bombardeio com drones a um civil, feito por militares protegidos dentro de um bunker.
Falando a respeito da tecnologia armamentista, a jornalista comparou os desafios que os repórteres apresentavam na cobertura há alguns anos, como a necessidade de geradores à base de querosene para recarregar os equipamentos de gravação, e afirmou que as novas tecnologias contribuíram para melhorar a cobertura de alguns acontecimentos e, até mesmo, permitir a divulgação imediata de notícias.
Yan Boechat, assim como Patrícia, trouxe as mudanças tecnológicas em sua apresentação, além de abordar como tema principal de sua fala o mercado de atuação para correspondentes de guerra. Durante a palestra, Boechat compartilhou que ser repórter freelancer, sua atual posição no jornalismo, apresenta desafios comerciais e na aquisição da documentação necessária para entrar em um país, mas afirmou que “Por mais que o maior desafio seja o econômico, a vantagem é a liberdade de transitar entre os veículos de comunicação”.
Patrícia Campos Mello e Yan Boechat mostram algumas credenciais que um jornalista precisa para entrar em um país em guerra.
A palestra foi mediada pelo professor Camilo Morano e a aluna Mariana Lumy, na qual os mediadores e o público puderam realizar perguntas sobre as dinâmicas da carreira jornalística e tirar suas dúvidas sobre a rotina e os desafios de um repórter de guerra. Entre as perguntas voltadas para o setor da tecnologia, os alunos questionaram se é possível fazer jornalismo por meio das redes sociais e segundo Yan Boechat, “O meio não determina a qualidade do seu trabalho, mas é preciso ter cuidado para não espetacularizar o jornalismo. As redes sociais querem audiência”.
Para o fechamento do evento, Boechat trouxe alguns equipamentos de segurança, como coletes de proteção nível 3 e capacetes, além de alguns projéteis que ele encontrou durante suas coberturas de conflitos, para aproximar a plateia da difícil realidade dos repórteres de guerra que, por meio da disseminação de informações e narração de histórias, reportam a crise humanitária ao redor do mundo.