Eu me formei em jornalismo, mas nunca trabalhei com jornalismo. Porém, se não fosse ele, muito provavelmente minha vida profissional seria bem diferente e menos rica (em termos de conteúdo, claro, porque não vou margear aqui a informações para a malha fina do Imposto de Renda).
Eu tinha muitas dúvidas no fim de 1981 entre cursar jornalismo ou publicidade. Gostava dos dois. Gostava de escrever.
Acabei optando pelo primeiro, porque a segunda opção não me exigia a obrigatoriedade do diploma.
Terminei o curso, mas meu mundo acabou sendo mesmo a propaganda. Fui redator de diversas agências. E a ênfase Cásper em formar bons jornalistas se mostrou um excelente diferencial para quem, como eu, gostava de ter ideias. Eu podia aliar as boas ideias a um bom texto. Graças a isso, com 25 anos, cheguei a ser convidado diretamente pelo próprio Silvio Santos para ser seu marqueteiro, na campanha dele à presidência da República. Oooi!
Um pouco antes, a Cásper ainda estava no meu sangue, já que acabei virando professor de redação publicitária. Durante um ano eu pude experimentar o outro lado da mesa de ensino.
A vida andou, e muita gente me cobrava um livro, por causa das coisas que eu escrevia. E eu achando que não tinha ideia do que poderia fazer. Até que um dia, ela veio. Eu resolvi escrever sobre as pegadinhas que costumava aprontar. E acabei virando autor. Escrevi um segundo livro. O terceiro. Quando apresentei o projeto do quarto livro para duas editoras e elas não quiseram publicar, achei que era hora de ter a minha própria empresa. Resolvi, então, ser editor. Deixar os vários anos de propaganda, uma carreira bem razoável e tentar uma nova área.
Eu tinha dois livros meus para lançar. Se desse errado, não tinha ninguém para reclamar. Lancei os dois. E a editora pegou. Engatou as marchas seguintes e foi em frente. Atraiu outros autores. E me deu a oportunidade de colocar em prática o que eu imaginava das minhas próprias obras.
Minha empresa tem hoje, julho de 2014, 400 títulos publicados. Eu, como autor, atingi a marca de 70 livros lançados: 50 para o público adulto, 20 para o infantil.
Tive a honra de publicar Millôr Fernandes. E veio do Millôr o meu diploma de editor. Guardo até hoje, com carinho, um e-mail dele elogiando meu trabalho para o relançamento do Livro Branco do Humor.
Publiquei Mothern, um livro que virou minissérie no GNT.
Publiquei Proibido para Maiores, que ficou 54 semanas na lista de mais vendidos do segmento infanto-juvenil.
Outros orgulhos são a autobiografia do ator norte-americano Steve Martin – Nascido para Matar… de Rir – contado seu caminho do stand-up ao sucesso mundial; e a biografia de Max Factor, o homem que faz parte da história do cinema e da indústria cosmética mundial. Ou o livro que veio do Facebook: Diva Depressão.
Outra coisa marcante da Cásper em minha vida: um monte de amigos, que estão por perto até hoje.
Portanto, Cásper, acho que meu curso mesmo foi o de “aprendismo”. Só posso agradecer à forma de pensar melhor e à busca de ser um profissional mais qualificado, coisas que me proporcionaram ser uma pessoa apta a me adequar aos caminhos que escolhi.
Paulo Tadeu, formado em 1984, trabalhou em diversas agências, foi marqueteiro do Sílvio Santos, atualmente é dono da Matrix Editora e autor de diversos livros.