Além do número inédito de inscritos, a 99ª Corrida de São Silvestre, no final de 2024, reuniu o maior número de mulheres inscritas. Em 2023, dos 35 mil participantes, 12.811 foram mulheres, o que representa 36,60% dos participantes daquele ano; em comparação a 2024, de 37.500 pessoas, o número subiu para 14.625, 39% do total.
De acordo com dados do Google Trends, o número de interessados por corridas de rua e grupos de corrida tem tido um crescimento significativo, o que pode estar relacionado com o aumento de inscrições na São Silvestre.
Ao serem entrevistadas, as mulheres disseram que o principal motivo que as levou a buscar a corrida como exercício foi a qualidade de vida proporcionada e a possibilidade de sair do sedentarismo.
Isso se comprovou na fala de Edite Souza (53), frequentadora assídua da São Silvestre. Ela acredita que
“as mulheres estão correndo cada vez mais porque estão em busca de qualidade de vida, longevidade. Pra mim é isso que acontece com as pessoas hoje. E isso daí tem que ser uma coisa que tem que contagiar a todos, né? Pra você poder estar mudando e ter uma qualidade de vida maravilhosa.”
Livia Pereira conta que em 2024 participou pela primeira vez e como foi seu processo de preparo durante o ano:
“Até os meus 22 anos, eu era completamente sedentária, pesava mais de 100 quilos e não tinha fôlego nem ânimo para praticar atividade física. Após realizar a cirurgia bariátrica em 2023, meu médico disse que eu precisava começar a me exercitar. Foi então que comecei a correr. A São Silvestre surgiu como um grande desafio para mim. Meu pai sempre assistia à corrida todo ano, e, desde pequena, eu pensava: ‘Meu Deus, será que eu conseguiria fazer algo assim?’. Em 2024, fui progredindo na corrida e comecei a sentir que estava na hora de participar de alguma prova. Só conseguia pensar em como seria incrível me provar capaz de realizar a São Silvestre. Já corri em grupos no Parque Taquaral, aqui em Campinas-SP, mas nunca havia participado de provas antes.”
Livia acredita que a corrida de rua pode conectar mulheres:
“Acredito que a corrida é um esporte que pode criar conexões entre mulheres. Desde que comecei a correr, fiz amizades incríveis e sempre me senti muito incentivada por outras mulheres. Acho que muitas de nós buscamos a corrida como esporte porque é uma modalidade desafiadora e recompensadora e podemos nos apoiar mutuamente nessa trajetória e criar laços ao longo do caminho.”
Ao fazer a mesma pergunta às atletas de alto rendimento, as respostas obtidas gravitavam ao redor de temas como independência e empoderamento feminino, como para a brasileira Tatiane Raquel (34), a quinta colocada no pódio feminino na Corrida:
“Eu acredito que é a oportunidade que a mulher vê de fazer um esporte e de ser (esporte) muito eclético, né? Porque qualquer pessoa pode participar de uma corrida. Eu acho muito legal porque nós aqui, atletas de alto rendimento, conseguimos ver esse aumento e as mulheres conseguem se espelhar na gente, né? Porque eu sou mãe, sou dona de casa e sou atleta, então o pessoal vê que é possível correr e vai começar a correr, vai fazer o seu melhor independente se vai, onde você vai correr só querem participar. E quando eu fui pra rua, eu vi o acolhimento que a gente tem, as meninas se espelham na gente, quer saber o que você come, o que você veste, qual o melhor tênis, dicas de corrida. Então, ela acaba se espelhando, né? E acaba trazendo um público maior também, ‘eu comecei correr por conta de você’.”
Já para a queniana Cynthia Chemweno (28), as mulheres correm para se livrarem de qualquer dependência que possam ter dos homens:
“Várias mulheres estão entrando com muita ênfase na verdade até pra se livrar da de estar dependente de homem.”
Para Núbia Oliveira (22), que foi a terceira colocada na categoria feminina, cravando o primeiro pódio para o Brasil em 2024:
“O esporte transformou a minha vida, ele pode transformar a sua vida também, seja ela profissional ou não e te transforma tanto no físico quanto no mental. A mulher pode tudo, ela só precisa acreditar e eu mostrei a força das mulheres e das nordestinas nesta corrida”.
Esse aumento de inscrições do público feminino reforça os resultados das pesquisas que afirmam que mulheres estão cuidando mais de suas saúdes e se exercitando mais em prol do bem-estar físico e mental. Já foi comprovado cientificamente que correr ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, pois a atividade libera endorfina, que ajuda a regular o humor e previne o aparecimento de algumas doenças mentais.
Este conteúdo faz parte da Newsletter Pós na Cásper, uma iniciativa dos cursos de Pós-Graduação lato sensu da Faculdade Cásper Líbero, que informa e divulga as produções realizadas pelos estudantes que desejam aplicar o conhecimento adquirido em suas atividades profissionais nas organizações, ou querem realizar novos projetos, como transição de carreira ou inovação nas funções que já exercem. Iniciativas e perfis de docentes, além de agenda sobre eventos (como aulas magnas e abertas, mesas-redondas, oficinas, rodas de conversa, entre outros) também são o foco da publicação.
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