A professora Sabina Anzuategui, que leciona técnicas de roteirização no primeiro ano da graduação em rádio, TV e Internet da Faculdade Cásper Líbero, é também escritora de literatura e conta como a redação de roteiros e romances podem se entrelaçar. Além disso, Sabina comenta como ficou o mercado nacional de roteiros após a Lei do Audiovisual, em vigor desde 2012.
Roteiro x Prosa
Os textos em si são bastante diferentes. Segundo a professora, o roteiro é bastante objetivo, nele deve conter resumidamente a ação que irá acontecer na cena. O roteiro precisa de muito mais agilidade e quantidade de diálogos, pois estes preenchem a maioria das cenas. O contrário acontece em um livro de literatura, no qual os diálogos são complementos e podem ser reduzidos a algumas frases.
A semelhança entre os dois tipos de texto fica na própria construção da narrativa, na hora de criar conflitos entre as personagens, elaborar surpresas e cenas fortes que contribuam para o entendimento do sentido da história principal.
Sabina conta que sempre quis escrever livros e queria cursar a faculdade de letras, mas “achava que com isso só podia ser professora e queria algo que envolvesse mais criatividade”, escolhendo, então, a graduação em cinema. De acordo com a docente, quando começou a escrever roteiros de longa metragem superou a dificuldade com prosas e histórias mais extensas.
TV x Cinema
Entre os roteiros, existem algumas diferenças que dependem do veículo. O roteiro de um filme, por exemplo, é sempre mais longo comparado com o roteiro de uma série de TV. mesmo que a série dure uma hora na tela, com os comerciais ela não dura mais de 40 ou 50 minutos.
As características de um roteiro de TV e de um de cinema podem variar de acordo com o estilo. O cinema de arte é muito diferente de produções televisivas, já uma comédia estilo Hollywood pode ser bastante semelhante. Outra diferença consiste na divisão da história, na televisão, o enredo é seriado, apresentado em capítulos e o filme é unitário, uma história só “que deve apresentar o enredo, os personagens, tudo, pois a narrativa acaba ali”, explica.
Mercado Nacional
A Lei do Audiovisual, que entrou em vigor em 2012, estabelece uma cota mínima de produções audiovisuais e aumentou o mercado para roteiristas, mas Sabina ressalva que isso não significa o aumento do salário desses profissionais.
“Um problema que ainda existe é que não há uma relação direta entre quem estuda roteiro, seja na faculdade ou em algum curso especial e o mercado de trabalho”. Sabina afirma que muitas vezes os roteiristas são contratados para atuar em produções por meio de indicações, não necessariamente por mérito. Ainda não existe a valorização do estudo para roteiristas, “isso é um ponto do mercado que ainda não melhorou muito”, analisa.
Sabina avisa que para se destacar no mercado, um roteirista precisa ter muita criatividade para desenvolver diálogos, ter um pouco de humor e um grande repertório cultural. “O roteirista é alguém que conhece muitas histórias, assiste muitas séries e filmes, lê vários livros, é uma pessoa muito curiosa”, lista a professora. Para ela, essa bagagem pode contribuir para que o roteirista entenda e conheça as referências do produtor, se mostrando a pessoa certa para o cargo.
Outra dica para quem deseja trabalhar como roteirista é o desenvolver trabalhos pessoais, como livros, peças de teatro e até mesmo shows de comédia. ”Ter um trabalho de autoria própria, que destaque a autoria, é essencial para chamar atenção”, analisa Sabina.
Gostaria de mais informações e dicas sobre como fazer roteiros? Acompanhe a série de vídeo aulas da Produtora Experimental de RTVI, orientadas pela professora Sabina: