Uma mistura entre o natural e o sintético que usa de muitos recursos tecnológicos para fazer uma interpretação da vida: assim pode ser definida a exposição Contando ovelhas elétricas, de Gisele Motta e Leandro Lima, em exibição no Sesc Sorocaba. A obra que recepciona os visitantes se constitui de duas telas de LCD que projetam duas crianças em um piquenique; ora elas parecem estar juntas, ora separadas, conforme a imagem de um drone se aproxima. Na parte central do espaço está instalado um projetor que reflete a imagem de um beija-flor em um ventilador: como na vida real, o pássaro surge rapidamente e logo some. Na parede da direita estão alguns mapas de cidades e de bacias hidrográficas ao redor do mundo, muito modificadas pela ação do homem. Os mapas foram impressos em circuitos de computador. À esquerda, algumas telas de LDC mostram uma mulher chorando, de cujo corpo saem pétalas de lótus por meio do efeito do Photoshop. As pétalas não param de nascer e cair, como se o choro marcasse uma renovação da vida.
Logo ao lado duas telas integram uma mesma obra, cada uma delas exibindo o rosto de uma pessoa. A câmera utilizada é de termovisão, que capta o corpo através do calor. Os artistas tocam o rosto um do outro, causando uma coloração escura, como se nos dias atuais as pessoas não se respeitassem mais. Há também um quadro impresso em pixels cuja imagem não se consegue ver de perto. Ao nos afastarmos alguns passos, é revelada a figura de uma mão tampando um rosto, que convida à reflexão de como, em tempos de internet, os limites não são respeitados, e uma imagem sua pode estar disponível do outro lado do mundo mesmo sem a sua autorização.
Outra projeção mostra uma floresta em uma tela com tecidos rasgados. É possível observar índios que se conectam com a mãe natureza para buscar explicações, força, inspiração. Assim como nós hoje em dia recorremos ao “Google”. A obra que mais chama a atenção é simples: uma tela de LCD desligada, com uma lâmpada incandescente acesa. Uma espécie de televisão fora do ar que emite cores e ruídos que mais parecem moscas atraídas pela luz – assim como nós ficamos presos a nossos smartphones.
A exposição foi inspirada no livro Androides sonham com ovelhas elétricas?, de Philip K. Dick, levado às telas na década de 1980 por Ridley Scott e rebatizado de Blade runner: caçador de androides. A baixa iluminação do local é bastante apropriada para chamar atenção para cada obra. O ideal é fazer a visita em pequenos grupos, pois, no espaço estreito onde a exposição está instalada, um grande movimento de pessoas pode interferir na fruição de algumas obras, principalmente as que dependem de projeção.
Serviço
Contando ovelhas elétricas
Quando: Terça a sexta-feira, das 10h30 às 21h. Sábados, domingo e feriados, das 11h às 18h.
Onde: Sesc Sorocaba – Rua: Barão de Piratininga, 555 – Sorocaba, SP.
Grátis
Informações: Tel.: (15) 3332-9933.
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