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Edição nº 3 – Junho de 2015

Há alguns anos a experiência do cinema se restringia a ficar em uma sala escura e fechada por duas horas. Hoje, esse universo nos permite ter experiências tão diferentes que jamais imaginaríamos possíveis. Mesmo com a popularização de serviços de streaming como o Netflix, ou a facilidade no acesso a filmes online, o espectador ainda tem bons motivos para sair de casa e ir ao cinema.

Sala VIP da rede Cinépolis | Credito: Imani Zoghbi

Sala VIP da rede Cinépolis | Credito: Divulgação

O Cinépolis do shopping JK Iguatemi, por exemplo, conta com uma das estruturas e serviços mais luxuosos dos cinemas paulistas. As poltronas de couro das salas VIP, agrupadas em duplas, têm regulagem para deitar como se fossem camas – é quase como ver um filme em casa, opção favorita de quem busca mais conforto durante a sessão. “A Cinépolis trouxe para o país o conceito de salas VIP, fazendo com que elas se tornassem parte da cultura atual. Já atingíamos um nicho diferenciado em nosso país de origem, o México, e quisemos em atingir o mesmo nicho no Brasil”, explica Henrique de Castro, coordenador de eventos da empresa.

João Mac Dowell, frequentador, conta porque prefere este a outros cinemas: “É gostoso quando vou ao cinema com a minha namorada, porque as poltronas são espaçosas e muito confortáveis. É bom também para assistir aquele filme especial que você está esperando lançar. Só não dá para ir sempre porque os preços são salgados”.

A rede Cinemark fez algo similar em algumas salas dos shoppings Cidade Jardim e Iguatemi. O grande diferencial das salas do Cinépolis, entretanto, são o cardápio e a maneira de comprar os comes e bebes. Após a entrada na sala, os espectadores ligam um pequeno abajur situado ao lado da poltrona quando querem fazer os pedidos. Instantes depois, um atendente vai até a poltrona para retirar os pedidos, que também podem ser pagos com cartão de crédito. “Você pode sair do padrão de pipoca e refrigerante, e pedir algo muito mais variado e seleto dentro da sala VIP, como vinhos, cervejas, crepes, canapés, petit gateau, entre outros”, diz Castro. Os preços das sessões ficam entre R$ 27,24 e R$ 61,24 (valores verificados em junho de 2015).

CineSesc | Credito: Imani Zoghbi

CineSesc | Credito: Divulgação

No quesito cinema de rua, o CineSesc é referência por uma característica bem peculiar: um bar dentro da sala, envidraçado, localizado atrás das cadeiras. É possível ver o filme desta área enquanto aprecia uma bebida ou um quitute. “Eu venho muito para cá para relaxar, e também porque o ‘ir ao cinema’ se torna diferente do convencional. É bom sentar no bar e sair dos moldes tradicionais do que a gente conhece como cinema. Todos os amigos que trouxe aqui adoraram”, conta Carolina Zanola, frequentadora assídua.

Recentemente a sala ficou fechada, durante três meses, por conta de uma reforma, e voltou a abrir suas portas em abril deste ano. Tudo foi trocado, do teto ao chão, para oferecer mais conforto a seu público. As novas poltronas, agora reclináveis, foram dispostas de maneira mais espaçada. Na programação, filmes que fogem do circuito hollywoodiano como o argentino Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto e o francês Aliyah. Os preços são módicos, variando entre R$ 3,50 e R$ 20,00. No cardápio, os valores seguem a mesma linha: um café de shopping custa, em média, R$ 5,50. No CineSesc um expresso sai por R$ 2,00.

Retrospectiva do cinema novo na Cinemateca Brasileira | Credito: Imani Zoghbi

Retrospectiva do Cinema Novo na Cinemateca Brasileira | Crédito: Ludmila Tavares/ Tasômetro

A Cinemateca Brasileira, instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira, também figura no rol de experiências bem diferentes em cinema. Em algumas ocasiões são incluídas projeções em sua área externa. “A Cinemateca tem realizado sessões ao ar livre ocasionalmente – este ano, dentro de uma mostra dos filmes de Andrea Tonacci, exibimos Serras da Desordem, no projeto Cineparque a animação Mônica e a Sereia do Rio, e na Retrospectiva Cinema Novo, Deus e o Diabo na Terra do Sol e A Idade da Terra. Pretendemos dar continuidade a estas sessões ao longo do ano”, conta Natália Estavarenco Mira, responsável pela difusão de filmes da instituição. Toda a programação tem entrada franca.

Quando o assunto são projetos menores, o Cinema na Kombi chama a atenção. Seu lema, “Levando o cinema para o Brasil profundo” diz muito sobre o que é feito. Em parceria com prefeituras, Luis Paiva viaja com seu veículo, equipado com projetor, tela de exibição, equipamento de som e DVDs – apenas de filmes brasileiros, ele ressalta: “O projeto visa democratizar a exibição cinematográfica, divulgar a produção nacional e formar público para o audiovisual”.

Cinema na Kombi | Credito: Imani Zoghbi

Cinema na Kombi | Crédito: Divulgação / Facebook

Paiva percorre a periferia das grandes cidades e os municípios mais distantes dos grandes centros culturais brasileiros. Já passou por comunidades indígenas e quilombolas. Seu foco, entretanto, são as crianças e adolescentes das escolas públicas do país, pois com o auxílio do cinema podem desenvolver melhor seu senso crítico, estético e cultural. Por isso, o trabalho não acaba aí. O projeto oferece aos professores dessas escolas a oficina “Como Utilizar o Cinema na Sala de Aula”, para que se beneficiem de mais uma ferramenta de uso pedagógico em diversas áreas do conhecimento.

A maior preocupação de Luis é o cinema ser também um fator de exclusão no Brasil. “Há uma geração que nunca assistiu a uma exibição, a não ser pela televisão. E outros milhares não veem filme em tela grande há décadas”, ele relata. Isso pode ser explicado pelo fato de que o país tem 5.175 municípios, mas somente 388 cidades contam com salas de cinema, possibilitando o acesso a cerca de 6% da população total.

Fátima El Kak, que mora em Juquehy, litoral norte de São Paulo, conheceu o projeto em uma das viagens de Paiva. “Aqui na praia não tem cinema, e para quem gosta de filmes, faz falta. Adorei da ideia de poder reunir meus vizinhos e amigos, e ver um bom filme em qualquer espaço público”, ela diz. É possível acompanhar os rumos da Kombi na página do projeto no Facebook.

CineDebate | Credito: Imani Zoghbi

CineDebate | Crédito: Divulgação

Mas nem só de novidades é composto o burburinho cinematográfico. Os cineclubes, que há muito tempo andavam sumidos, estão passando por um processo de reestruturação. É o caso do CineDebate, organizado por professores e alunos do Centro Universitário Senac. Começou de forma independente, foi levado a ONGs, virou projeto de extensão da universidade e foi descontinuado em 2015, voltando a se tornar independente, mantido pelo amor ao cinema e a qualidade dos debates entre os participantes. É o que conta Gislene de Oliveira: “Sou uma das organizadoras e atualmente ex-aluna, gosto muito do projeto, então continuo ajudando”.

Hoje o projeto acontece com menos frequência – geralmente uma vez por mês e aos sábados. Aberto ao público, o CineDebate ainda acontece nas dependências da instituição, e tem expectativas de crescimento. “Queremos fazer visitas a ONGs no próximo semestre, conhecemos muitas”, aponta Gislene. Dentre os filmes já exibidos pelo cineclube, estão os aclamados Clube da Luta, Taxi Driver, O Segredo dos Seus Olhos e O Abutre. Opções não faltam para os próximos filmes serem assistidos de bem longe do sofá.

 

Serviço:

Shopping JK Iguatemi – Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 – Itaim Bibi

CineSesc – Rua Augusta 2075 – Jardim Paulista

Cinemateca Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino

Cinema na Kombifacebook.com/cinenakombi?fref=ts

CineDebate – Centro Universitário Senac – Avenida Engenheiro Eusébio Stevaux, 823, Santo Amaro

 

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