O nome, “GOSPEL” vem de “GOD SPELL” que, ao pé da letra, quer dizer, “Deus soletra”, mas tem um contexto bíblico que são as “Boas novas”, o evangelho que deve ser levado a todas as pessoas e também significa levar a boa notícia da vinda de Cristo ao mundo.
As canções tradicionais foram deixadas de lado e outras adaptadas quando negros africanos, escravizados nos Estado Unidos, no século XVIII, passaram a entoar novos cânticos como forma de aliviar a dor que sofriam por conta do abuso, do trabalho pesado e da exploração. Essas canções, de início eram feitas a noite, após o trabalho na plantação, pois eram proibidas, mas com o passar do tempo, os donos dos escravos perceberam que o trabalho rendia mais, então passaram a autorizá-los durante as atividades do dia.
Mas, além da mensagem bíblica, eles se utilizavam da música para se comunicar entre si e informar aos companheiros que desejavam fugir, quais eram os caminhos e rios não indicados para se passar, quantos guardas estavam pelo caminho, como era o caminho pelo qual passariam, etc. Tais mensagens passavam desapercebidas pelos seus senhores e cada vez ganhavam mais força. Foi a partir destas canções que veio surgiu o “Spirituals”, que inicialmente era caracterizado por suas canções melancólicas.
Quando a escravidão foi abolida, o costume de cantar essas canções continuou e invadiu as igrejas e os templos afro-americanos por todos os Estados Unidos, nascendo assim o gênero musical, gospel. A partir de então, foram–se acrescentando instrumentos às canções. No início, na década de 20, além das palmas passa-se a usar o violão e o banjo e, na década de 30, o piano. A partir de 1940 houve a formação e consolidação de muitos grupos que marcaram a década seguinte se apresentando em programas de televisão. Isso sem contar o crescimento nas apresentações em casas de show e festivais de jazz.
Esse estilo musical influenciou negros americanos a criar novos estilos como o Blues, o Jazz e a Ragtime. Não só estilos musicais que foram surgindo a partir do gospel, mas também cantores como, Mahalia Jackson, Aretha Franklin, Ray Charles, Elvis Presley, entre outros, que fizeram muito sucesso e tiveram seu primeiro contato com a música através do mesmo. Este último, por exemplo, quando criança, integrou o coral de numa igreja evangélica a qual frequentava com sua família e lá conheceu o blues. Mesmo tendo sido consagrado como o “rei do rock”, Elvis, durante sua trajetória, lançou diversos “singles” gospel.
Pode-se dizer também que a música gospel sofreu fortes influências da música negra americana, assumindo novas formas, muito diferente daquilo que era encontrado dentro das igrejas. Nas décadas de 70 e 80, com o uso de sintetizadores e tecnologia, o rock, o hip hop e a música erudita passam a ser os novos estilos musicais dentro do gospel. No Brasil, o gênero musical chegou através de missionários presbiterianos e batistas americanos e foi traduzido, dando origem a hinários muito conhecidos e cantados nas igrejas até os dias de hoje, como Cantor Cristão e Harpa Cristã.
A música gospel tem se adaptado para atrair os diferentes gostos musicais das pessoas e não é à toa que hoje representa uma fatia considerável do mercado. Nos últimos anos, o número de bandas que tocam essas canções tem aumentado e os estilos musicais que eram ouvidos somente nas músicas “seculares”, hoje, passam a fazer parte desse gênero, como o funk, o pagode, o axé, etc.
Da mesma maneira que o gospel é influenciado pelo meio secular, o secular, por sua vez, também sofre influências do meio gospel, como por exemplo o surgimento da música erudita no Brasil ter sido dentro das igrejas, com o barroco baiano e o mineiro e depois passou a ser utilizada fora do gospel. Nos últimos anos, a música gospel, ultrapassou barreiras que têm atraído a atenção do mercado, movimentando cerca de 1,5 bilhão ao ano e empregando, cerca de 2 milhões de pessoas no mesmo período. Para se ter uma ideia, só em 2009, o mercado fonográfico lucrou 359 milhões de reais em vendas de CD’s, DVD’s e mídia digital e o ECAD, 358 milhões em arrecadações de direitos autorais.
Há pouco tempo, o gênero passou a ter categoria própria no Grammy Latino, que é o “Oscar” da música. Em 2012, foi sancionada uma lei, pela presidenta Dilma Rousseff, que torna a música gospel uma manifestação cultural como também todos os seus eventos, exceto os promovidos pelas igrejas. Tal lei também, faz com que os artistas sejam beneficiados pela lei “Rouanet”, que dá o direto de empresas e pessoas físicas usarem parte do tributo a ser pago no imposto de renda em ações culturais.
Este segmento do mercado cresce 15% ao ano e prova que a música gospel tem sido aceita por um parcela significativa da população, já que hoje está na lista entre as mais pedidas das rádios, entre os CDs mais vendidos, pois não se trata apenas de “música religiosa”, mas de música que traz mensagem positiva, que fala de justiça social, repúdio às drogas, harmonia entre os homens e a valorização da família.
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