O vinil perdeu espaço com a chegada do CD (compact disc), quando a forma de ouvir música foi transformada em um compacto digital. O modo de ouvir música passaria ainda aos programas de computador. A facilidade de escutar os discos do artista favorito ou conhecer uma nova banda, através da internet, fez com que o mercado fonográfico entrasse em colapso, com o fechamento de gravadoras e de lojas especializadas.
Esse cenário não afastou o amante do vinil, que se manteve fiel à estética do bolachão e, sobretudo, ao som encorpado que saia das caixas, não reproduzido com a mesma profundidade pelo CD. Percebendo o interesse pelo vinil, colecionadores e vendedores de discos expõem seus exemplares em inúmeras feiras realizadas em cidades brasileiras, como ocorre em outros países.
São Paulo tem, em média, duas exposições ao mês, espalhadas por diversos bairros da capital. Embora seja possível encontrar lançamentos, o diferencial é possibilitar a troca e a venda de vinis usados, por preços baixos, com a oferta de discos a partir de cinco ou dez reais. Contudo, há obras raras de artistas como Led Zeppelin e Roberto Carlos que podem custar até quatro mil reais.
Em 1º de dezembro de 2013 ocorreu mais uma feira. Dessa vez na Galeria Metrópole, no Centro da capital paulista, com entrada gratuita. Expositores, vendedores e amantes da música trocam, vendem e conversam sobre o prazer de ouvir música no formato já declarado morto, mas que revive e ganha adeptos.
Luiz Carlos Lucena é jornalista, professor, documentarista e colecionador. Expõe discos de rock e de música popular brasileira. Participa de quatro a cinco feiras por ano e acredita que o papel delas ajuda na divulgação dos vinis, estimulando a aquisição por jovens que nasceram na era do CD e se interessam pelo formato, além dos antigos compradores que podem aumentar a coleção. Como amante da música, afirma que parou de comprar CDs e coleciona apenas discos, em razão do som encorpado que o vinil emite e da estética do bolachão, que reverencia a arte da capa. Segundo Lucena, discos dos Beatles, Pink Floyd e The Doors são os mais vendidos.
A oferta não fica restrita ao público de rock. Um passeio pela feira revela que é possível encontrar álbuns de música popular brasileira, samba, hip hop, jazz, rap. Na esteira da feira, colecionadores estão expondo toca discos. Afinal, é preciso colocar a vitrola para rodar. A área externa do Museu da Imagem e do Som (MIS) recebeu em 8 de dezembro uma exposição de discos e vitrolas. Para Aníbal Carlos, colecionar de aparelhos de som e expositor, o público que se interessa por vitrolas é formado por jovens que não tiveram contato com toca discos e pelos apaixonados que os guardaram e buscam outros modelos. Os mais procurados, segundo Aníbal, são os tradicionais, de marcas reconhecidas pela qualidade. Certo é que as feiras dão oportunidade para o aumento do acervo de colecionadores e a chance de adquirir uma vitrola, para tocar a trilha sonora da vida do amante da música no formato que nunca morreu.
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