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Edição nº zero – 2013

Seis meses de vida. Este é o tempo que um bebê leva para descobrir que o dedo indicador em união com o polegar lhe permite pegar objetos. O ato de pinçar, como os médicos pediatras chamam o movimento, é também o início da possiblidade dos pequenos navegarem novos mundos, quando tocam nas telas dos mais diferentes dispositivos móveis do mercado. Eles fazem parte da “net generation”, o nome foi criado por Dan Tapscott, escritor canadense que estuda entre outros temas a cultura digital, web 2.0 e a geração internet Para o escritor, o contato cada vez mais amplo com esse tipo de tecnologia e o exemplo em casa, de pais, amigos ou familiares faz com que essa criança pense de forma diferente, em multitarefas.

Luiza tem 4 anos e é uma criança inserida no mundo virtual como tantos outros amiguinhos da mesma idade. Ela já brinca com o smartphone e o tablet dos pais desde que tinha dois anos. Segundo o designer Luis Camilo, pai de Luiza, na escola o desafio dos professores agora é ensinar que além das pontas dos dedos existe um aparelhinho chamado “mouse” e trabalhar a coordenação motora. A regra dos jogos virtuais todos da sala, que estão anda no jardim da infância, já sabem.

Diante deste cenário, é cada vez mais desafiador colocar em cartaz uma peça teatral infantil sem que a criança possa ampliar ou diminuir o tamanho dos personagens, cortar ou alongar os cabelos, trocar as roupas e a cor dos cenários ou então simplesmente passar para um próximo jogo porque o atual já demorou cinco minutos e agora está muito chato.

Recentemente, uma companhia teatral parece ter descoberto uma fórmula. Em cartaz no final do ano passado, o musical infantil “Enquanto Seu Lobo Não Vem“ trouxe uma releitura de quatro clássicos em que o lobo aparece: “Chapeuzinho Vermelho”, “O Lobo e o Cordeiro”, “Os Três Porquinhos” e “Pedro e o lobo”.

A grande sacada foi envolver o mundo virtual na trama. A Chapeuzinho Vermelho dessa história, por exemplo, adora uma rede social. Ela é uma jovem super conectada e popular. Ela faz amigos, marca encontros, se envolve em grandes perigos e tem certeza de que a ameaça do Lobo Mau ficou no passado.

Mas é justamente pela rede social que Lupércia Lobo Mau, a filha do vilão, volta para se vingar pelo sumiço de seu pai e chega até os suspeitos por meio do computador, fazendo dele sua maior arma.
Susan Damasceno é a diretora do musical. Segundo ela, o texto se preocupa em trabalhar com a atualidade para ganhar, sim, o olhar da criança conectada, mas também é uma forma de alertar os pais para o perigo do desconhecido. “… Sobre essas relações com pessoas de todos os lugares, a gente quer propor uma discussão sobre qual o risco desta comunicação, onde está o lobo hoje?”

Para Pedro Bosnich, produtor e ator da peça, o teatro infantil não é feito apenas para as crianças. Segundo ele, é necessário se preocupar e respeitar também o público adulto. Apesar da indicação do musical ser para crianças a partir dos cinco anos, o texto é mais divertido e também tem a preocupação de ter piada para os pais. “… porque senão fica chato, eu vou levar meus sobrinhos no teatro e tem coisas que a gente vê e quer sair de lá então a gente procura agradar a família inteira.”

Como a atenção dos pequenos se perde facilmente hoje em dia, Bosnich é categórico, um espetáculo infantil não deve passar de uma hora, uma hora e vinte no máximo. A novidade deve estar presente nos mínimos detalhes do cenário ao figurino. “Eu sempre procuro me basear nos filmes de Tim Burton, meio gótico-moderno, sombrio-pop”.

Mas, para a peça “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, Pedro Bosnich procurou algo ainda mais recente. O musical ganhou um ar retrofuturista, baseado no steampumk, um subgênero de ficção científica, que teve referência da série americana “Once upon a time”. “… A série que traduzindo significa “era uma vez” é inspirada em conto de fadas, que se passa nos dias de hoje e é simplesmente fantástica”.

Outra preocupação é com a escolha do elenco. Para levar magia para uma criança e ganhar como recompensa os aplausos dela é preciso construir uma relação de confiança com a equipe. “…a gente procura trabalhar basicamente com amigos, que a gente conhece, já viu trabalhando ou que alguém indica e a gente gosta muito, é muito importante a gente sentir as pessoas que vão trabalhar com a gente, porque quando se trabalha com criança a gente leva energia, leva alegria, então, sempre a gente dá prioridade para trabalhar com os amigos”.

Um desses amigos e parceiro de trabalhos é o maestro, ator, diretor musical, compositor e arranjador em teatro, Charles Dalla, que tem no currículo vinte e oito musicais infantis. Ele falou com exclusividade para a Revista Arruaça.

Leia Segundo ato: por dentro da coxia, entrevista com Charles Dalla.

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