Por Maria Luiza Malafaia, estagiária do Núcleo de Mídias Digitais
Em um contexto de guerras, tragédias climáticas, violações dos direitos humanos e conflitos armados, a comunicação humanitária se prova inegavelmente essencial para a sociedade.
A comunicação humanitária tem como objetivo, sobretudo, disseminar informações precisas, minimizando a desinformação e promovendo a ajuda humanitária de forma eficiente. Isso seja transmitindo alertas de emergência a desastres ou precauções e respostas a eles. É ela que tem o papel de estimular a mobilização de recursos e a conscientização das áreas afetadas para uma retomada mais rápida e sustentável.
As principais características que esse tipo de comunicação inclui são: clareza, empatia e respeito, transparência, acessibilidade e participação comunitária. A comunicação humanitária, por exemplo, busca noticiar todos os segmentos da sociedade e assegurar que as comunidades afetadas por desastres, conflitos ou outras crises, tenham o acesso a informação para a tomada de decisões sobre seu bem-estar e direitos.
Em abril deste ano, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou a maior tragédia climática da sua história, com inundações devastadoras e perda de inúmeras vidas. Nesse sentido, a comunicação se provou indispensável. Durante esse desastre, a população afetada enfrentou desafios intensos para acessar as informações vitais que poderiam orientá-las ao que fazer. Seja desde evacuações até busca por abrigo e assistência médica.
Segundo o estudo publicado pelo Ipea, cerca de 876,2 mil pessoas em 420,1 mil domicílios (8,8% da população e dos domicílios) tiveram suas casas atingidas pelas enchentes e deslizamentos no estado. A estratégia de comunicação utilizada se deu principalmente com combate a fake news e na verificação diária de informações, auxiliando tanto a população quanto as equipes de socorro.
Vanessa Pipinis, professora da pós graduação da Faculdade Cásper Líbero, jornalista e doutora em sociologia educacional, explica de que maneira as organizações podem garantir que as informações humanitárias cheguem a todos, incluindo aqueles com menor acesso a tecnologias:
É muito importante que as organizações atuem em rede, estabelecendo parcerias com outros atores locais (setor público, privado e terceiro setor). A rede é fundamental para o desenvolvimento da melhor resposta à emergência, incluindo aí a escolha das ferramentas de comunicação mais adequadas para cada situação.
Complementa dizendo sobre os desafios que ainda se pode enfrentar, como a criação de sistemas robustos de comunicação humanitária. Sistemas esses que englobem diversos atores locais, operem na prevenção e educação da população e na acessibilidade.
A professora evidencia a importância que o papel da mídia local tem na disseminação de mensagens durante uma emergência, uma vez que, grande parte da população possui confiança nos comunicadores locais:
Por isso é essencial que, no contexto da emergência, a comunicação humanitária seja operada por um conjunto de atores, de forma articulada e integrada. Para que isso aconteça dois pontos, a meu ver, são relevantes: 1) constituição de um sistema robusto, com protocolos de atuação bem definidos e, 2) capacitação, que deve ser continuada.
É fundamental que as organizações contenham ações e protocolos internos de comunicação humanitária. Portanto, tais atos podem ser desenvolvidos por setores específicos, com a liderança de profissionais de comunicação qualificados. É importante ressaltar que as empresas podem atuar em rede com outros atores locais, seja com o a sociedade civil organizada, empresas de mídia local ou com o poder público.
Por fim, destaca de que maneira é possível aplicar esse tipo de comunicação:
É importante que as empresas se preparem e se aproximem deste campo. Um primeiro passo pode ser buscar apoio especializado para capacitação. Um outro passo importante é fazer um diagnóstico local: quais são os atores que já realizam algum trabalho na área? O poder público possui alguma diretriz? Existem organizações do terceiro setor no território que já atuam com a temática? Essas são algumas perguntas iniciais que podem inspirar este trabalho.
Dessa forma, é de extrema importância que a comunicação humanitária seja integrada aos planos de resposta e preparação para emergências. Essa integração auxilia na redução do caos, é essencial que as empresas se preparem e se aproximem deste campo.
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