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Edição nº 7 – 2018

 

O culto aos super-heróis e aos cavaleiros medievais vem aumentado progressivamente, fazendo da chamada cultura geek um fenômeno. Na pesquisa realizada em 2016 pelo Omelete Group em parceria com a Ibope Conecta, foram coletadas mais de 26 mil entrevistas traçando o perfil dos fãs. Eles têm de 18 a 34 anos (68%), moram no Sudeste (60%), têm ensino superior completo ou em curso (65%), renda familiar entre 2 e 10 salários mínimos (64%) e fazem compras online (91%). Quem nunca teve um colega de classe chamado de “nerd” por ser estudioso e gostar de coisas incomuns? Essa imagem se modificou e ganhou nova conotação na sociedade contemporânea.

No tradicional bairro da Vila Mariana em São Paulo, um bar se destaca dentre vários outros estabelecimentos. Sua decoração traz nos mínimos detalhes a nostalgia de uma época. Com um tom divertido, paredes coloridas simulam as características dos gibis, e inúmeros action figure (personagens em formado de bonecos) compõem a decoração do ambiente. O local também conta com um museu de videogames e uma biblioteca de gibis que o visitante pode ler a qualquer momento.

Com pouco tempo de vida, o Gibi Cultura Geek tornou-se uma referência, atraindo muitos admiradores. O local faz muitas alusões a filmes e seriados, e o bar oferece uma carta de drinks temáticos pensada nos personagens mais populares, como Tartaruga Ninja, Dexter, Simpson e Hora de Aventura. Thiago Almeida, sócio do empreendimento, declara: “Quando eu era moleque, a gente considerava o geek um cara voltado mais para a tecnologia. Da nossa turma era sempre o que tinha PC, trocava as placas, fazia tudo sozinho e, quando saía um eletrônico qualquer, ele sempre comprava. Hoje, o geek não tem a conotação pejorativa do nerd, transmitindo a imagem de um cara mais descolado. Por isso criou-se esse termo mais cool, para acabar com o preconceito. Na minha época éramos considerados excêntricos e esquisitos, tanto é que as meninas saíam correndo de nós. Hoje vemos no movimento a forte presença feminina; temos muitas garotas nerd também”.

Na rua Augusta, encontra-se o G Burguer. Com a proposta de integrar a cultura geek à comida, a hamburgueria constitui um ponto de encontro para que os consumidores possam trocar suas experiências. De acordo com Daniela Brasil, proprietária do local, a casa nasceu da sua afinidade com o público geek e da experiência no mercado de eventos onde atuava. “Após algumas pesquisas, vi que em São Paulo éramos carentes de espaços dedicados a esse público. Então, criamos uma hamburgueria geek nerd com um espaço de eventos onde realizamos eventos semanais voltados ao tema”. Henrique Oliveira, gestor de mídias e eventos do local, afirma: “Ser nerd vai muito além do estereótipo da pessoa muito estudiosa, isolada, sem vida social. Hoje em dia o nerd, além de um grande fã de filmes, séries, livros e HQs, é aquele que busca uma maneira de transformar o dia a dia em algo mais prazeroso, independentemente de sua área de atuação”.

A chegada de grandes eventos do universo geek ao Brasil, como a CCXP (Comic Com Experience) e a BSG (Brasil Game Show), e a concentração da produção cinematográfica recente no segmento alavancaram a procura por espaços especiais dedicados a ele. “A Praça dos Artistas do G Burguer surgiu inspirada no Artist Alley da CCXP e de uma vontade minha de aproximar quadrinistas e ilustradores do público. Organizamos workshops de grafite, customização de bonecos de coleção, aulas de modelagem, palestras, encontros de RPG e campeonatos de videogame”, declara Henrique.

Já o Gibi Cultura Geek realiza às quartas-feiras lives no Facebook para interação com o público e mantém parceria com a Quanta Academia de Artes, para promoção de encontros e workshops de pintura, ilustração e histórias em quadrinhos. “Minha ideia era a de que o bar se transformasse em um ponto cultural, ampliando a presença da cultura geek em São Paulo. Por isso, sou uma pessoa aberta e acessível com relação aos meus concorrentes de mercado. Se um cara estiver abrindo outro bar geek e quiser contar comigo, ajudo com o que precisar. Não me sinto ameaçado, pelo contrário, quanto mais espaços geek, melhor para todos nós, nerds”, conclui Thiago.