No dia 13 de setembro a casperiana Carolina Klautau, orientada pelo professor doutor Cláudio Novaes Pinto Coelho, defendeu sua dissertação, que poderia ter sido mais uma banca do mestrado na Faculdade Cásper Líbero, mas que trouxe à tona o debate mais que irremediável sobre o futuro do Jornalismo. Em tempos em que a profissão é obrigada a rever seus fundamentos, debate-la é tema imperativo. Redações demitindo em massa, textos cada vez mais condensados, o entorno em constante transformação com a tecnologia são pontos que trazem a necessidade de rever o futuro da profissão.
Carolina observa que a crise tem múltiplos aspectos, mas a maioria deles é compartilhada pelo jornalismo de maneira geral: quantidade de informação no lugar de qualidade de informação, o enxugamento das redações e a corrida contra o tempo no intuito de divulgar e difundir informações mais do que comunicar, de fato, são alguns pontos importantes para pensarmos. E, pondera: “Talvez o que existe hoje em dia seja mais uma crise do modelo de negócios do jornalismo do que da mediação social da informação propriamente dita”.
A mestranda chama a atenção para o cuidado no “tempo de gestação” da reportagem, algo para o qual a jornalista Eliane Brum já alerta há algum tempo.
“O aprofundamento da notícia é um caminho possível para o futuro do jornalismo. Claro que não podemos esperar que todas as reportagens ou notícias sejam aprofundadas, polifônicas ou polissêmicas – é preciso que tenhamos notícias com publicação rápida, já nos acostumamos com isso – mas, quem sabe, investir num jornalismo de qualidade ao invés de jornalismo de quantidade possa ser um caminho. E acho que isso é uma tendência que já ocorre, quando vemos alguns portais independentes apostando na reportagem e na grande-reportagem como seus principais formatos de conteúdo jornalístico”.
Em sua dissertação, Carolina discute o que considera uma das grandes reportagens dos últimos tempos: a matéria que o Chico Felitti fez sobre um personagem muito conhecido de São Paulo, o Ricardo Corrêa, conhecido como “Fofão da Augusta”. Klautau afirma que mais do que falarmos que as pessoas estão com “preguiça” de ler, ou que não estejam mais dispostas a prestar atenção por tanto tempo em uma única coisa, temos que parar e refletir sobre nossa postura como jornalistas, autores e mediadores da informação.
Ela lembra a professora Cremilda Medina, que aborda em diversos momentos de sua obra que uma narrativa de qualidade afeta ao ser humano, que busca narrar a complexidade do cotidiano, tem muito mais a ver com a postura autoral de jornalistas do que com as condições de trabalho. “Eu acho que o que o Chico Felitti fez reforça essa perspectiva. Além disso, tem muitos jornalistas produzindo suas reportagens e grande-reportagens, de forma paralela às outras pautas que precisam cobrir. Talvez o “jornalista do futuro”, que já é o “jornalista do presente” siga mais essa linha de ser freelancer, produzir, escrever e oferecer suas pautas. Penso que a gente precisa unir as coisas, tecer junto, como sugere a epistemologia da compreensão, e não separar e fazer das coisas uma coisa ou outra”. A mestranda sentencia que nem só de grande-reportagem vai sobreviver o jornalismo – mas também, temos percebido, que o mesmo vale para as notícias.