Uma das ‘cenas invisíveis‘ retratadas por Eisner
Crédito: divulgação
Barulho, metrô lotado, escadarias de incêndio e muita, muita correria. Assim é Nova York – a vida na cidade grande, do mestre Will Eisner: o retrato da cidade “nas frestas de seu chão e em torno dos menores pedaços de sua arquitetura”, como dizia o próprio cartunista. No calhamaço de 440 páginas, ele pinta em preto e branco quadros da vida urbana – aquelas pequenas histórias que vemos todos os dias no caminho para a casa e que nos fazem rir e chorar: um homem que perdeu a aliança no bueiro, um rapaz que passa tempo demais na igreja e acaba sendo multado, o vizinho que escuta um homem bater na mulher, a fome e a criatividade de um mendigo; a solidão e o confinamento nos edifícios e nas ruas de uma grande metrópole.
O livro, na realidade, é uma reunião de quatro graphic novels de Eisner, escritas e desenhadas entre 1982 e 1991. Apesar de terem tons diferentes, mesclam-se de forma deliciosa, resultando em um retrato muito fiel da vida de qualquer grande cidade. Compõe o livro as HQs Nova York: a grande cidade, Caderno de tipos urbanos, O edifício e Pessoas invisíveis.
As duas primeiras não chegam a ser exatamente graphic novels: são pequenas vinhetas, originalmente publicadas na The Spirit Magazine, chamadas por Eisner de “cenas deletadas”. Eram histórias cotidianas cômicas e interessantes, como que vistas da janela de um carro em movimento – sem deixar de lado a humanidade e a delicadeza das personagens, mesmo em um ambiente tão áspero quanto a selva de cimento e aço. O mais pitoresco destas duas coleções de cenas deletadas é que o próprio Eisner aparece, ocasionalmente, como personagem.
Já as outras duas HQs têm um tom mais obscuro e depressivo. Voltadas para a solidão e o esquecimento que a vida em uma grande metrópole inevitavelmente proporciona, elas são de certa forma autobiográficas e revelam algumas pessoas reais meio empoeiradas – mas não menos interessantes – da memória do próprio Eisner. O artista, aliás, nasceu no Brooklin e sempre teve Nova York como inspiração, inclusive em seu maior clássico, The Spirit. Filho de imigrantes judeus, Eisner começou a trabalhar vendendo jornais para pagar seus estudos na Art Students League e, ainda na adolescência, lançou seu semanal The Spirit nos jornais, com o qual alcançou voo no mundo dos quadrinhos.
O genial Nova York: a vida na cidade grande é do selo Quadrinhos na Cia., da Cia. das Letras, e foi lançado no Brasil em 2009. O livro também conta com três páginas inéditas de trabalhos substituídos por Eisner. Na introdução, palavras do próprio Eisner: “Vistas de longe, as grandes cidades são um acúmulo de grandes edifícios, grandes populações e grandes áreas. Para mim, isso não é ‘real‘. O real é a cidade tal como ela é vista por seus habitantes”. O “efeito graphic novel” – não conseguir largar o volume até acabar de lê-lo – é multiplicado pela genialidade do grande mestre dos quadrinhos e pela rapidez das historietas urbanas que tanto lembram as nossas.
Barulho, metrô lotado, escadarias de incêndio e muita, muita correria. Assim é Nova York – a vida na cidade grande, do mestre Will Eisner: o retrato da cidade “nas frestas de seu chão e em torno dos menores pedaços de sua arquitetura”, como dizia o próprio cartunista. No calhamaço de 440 páginas, ele pinta em preto e branco quadros da vida urbana – aquelas pequenas histórias que vemos todos os dias no caminho para a casa e que nos fazem rir e chorar: um homem que perdeu a aliança no bueiro, um rapaz que passa tempo demais na igreja e acaba sendo multado, o vizinho que escuta um homem bater na mulher, a fome e a criatividade de um mendigo; a solidão e o confinamento nos edifícios e nas ruas de uma grande metrópole.
O livro, na realidade, é uma reunião de quatro graphic novels de Eisner, escritas e desenhadas entre 1982 e 1991. Apesar de terem tons diferentes, mesclam-se de forma deliciosa, resultando em um retrato muito fiel da vida de qualquer grande cidade. Compõe o livro as HQs Nova York: a grande cidade, Caderno de tipos urbanos, O edifício e Pessoas invisíveis.
As duas primeiras não chegam a ser exatamente graphic novels: são pequenas vinhetas, originalmente publicadas na The Spirit Magazine, chamadas por Eisner de “cenas deletadas”. Eram histórias cotidianas cômicas e interessantes, como que vistas da janela de um carro em movimento – sem deixar de lado a humanidade e a delicadeza das personagens, mesmo em um ambiente tão áspero quanto a selva de cimento e aço. O mais pitoresco destas duas coleções de cenas deletadas é que o próprio Eisner aparece, ocasionalmente, como personagem.
Já as outras duas HQs têm um tom mais obscuro e depressivo. Voltadas para a solidão e o esquecimento que a vida em uma grande metrópole inevitavelmente proporciona, elas são de certa forma autobiográficas e revelam algumas pessoas reais meio empoeiradas – mas não menos interessantes – da memória do próprio Eisner. O artista, aliás, nasceu no Brooklin e sempre teve Nova York como inspiração, inclusive em seu maior clássico, The Spirit. Filho de imigrantes judeus, Eisner começou a trabalhar vendendo jornais para pagar seus estudos na Art Students League e, ainda na adolescência, lançou seu semanal The Spirit nos jornais, com o qual alcançou voo no mundo dos quadrinhos.
O genial Nova York: a vida na cidade grande é do selo Quadrinhos na Cia., da Cia. das Letras, e foi lançado no Brasil em 2009. O livro também conta com três páginas inéditas de trabalhos substituídos por Eisner. Na introdução, palavras do próprio Eisner: “Vistas de longe, as grandes cidades são um acúmulo de grandes edifícios, grandes populações e grandes áreas. Para mim, isso não é ‘real‘. O real é a cidade tal como ela é vista por seus habitantes”. O “efeito graphic novel” – não conseguir largar o volume até acabar de lê-lo – é multiplicado pela genialidade do grande mestre dos quadrinhos e pela rapidez das historietas urbanas que tanto lembram as nossas.