O Brasil entrou de vez na rota das grandes apresentações e se tornou um dos maiores consumidores de shows no mundo. Cada vez mais artistas internacionais vêm explorar o mercado brasileiro, composto por milhares de fãs ávidos para ver seus ídolos.
Mas por que os ingressos de shows no país custam tão caro? A resposta está numa série se fatores que, combinados, turbinam os valores. Um deles é a enorme competição entre as produtoras brasileiras. Para trazer o Foo Fighters ao Lollapalooza em 2012, três empresas disputaram durante meses, apresentando diversas propostas. Com isso o preço final do cachê da banda acabou duas vezes maior que o original, o que influenciou no valor da entrada. Com práticas menos canibais entre os produtores brasileiros, tanto os cachês quanto os ingressos seriam mais baratos. A entrada para o festival, que no Brasil custou R$ 300, na edição chilena foi o equivalente a R$ 170.
Além disso, os cachês serem cotados em dólar, os altos custos de produção e as exigências dos músicos contratados também influenciam. Outra explicação é a demanda superaquecida. Há muita gente querendo comprar ingressos, os shows costumam ter a bilheteria esgotada e as pessoas estão dispostas a pagar o que for para ver seus músicos preferidos, por isso as curvas de oferta e demanda se cruzam muito acima. Em cidades como Nova York, Londres e Paris, a disponibilidade de oferta de lazer para a população é muito grande. Com expressiva concorrência pelo lado da oferta, os valores diminuem.
As cargas tributárias também estão entre as causas que jogam os valores das entradas nas alturas. Cálculos realizados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário apontam que 40% do preço dos ingressos devem-se aos impostos relacionados a todas as etapas de produção e comercialização (emissão do bilhete, venda, distribuição, entrega, etc.).
Porém, a principal justificativa continua sendo o amplo uso da meia-entrada. Produtores estimam que, de modo geral, metade do público possui algum artifício que lhe garante o benefício de pagar 50% do valor do ingresso. Alguns shows chegam a ter 80% de ingressos de meia-entrada. Nesses casos, os produtores dizem que para compensar precisam dobrar o valor dos bilhetes.
A lei em benefício dos alunos foi instituída em 1992 com ajuda das entidades estudantis e vale tanto para cursos regulares (ensino fundamental, médio, universitário e pós-graduação), quanto para cursos livres (aulas de computação, idiomas e preparação para o vestibular). No entanto, no dia 4 de dezembro, o Senado aprovou uma mudança nas regras para a meia-entrada, que limita a 40% o total de ingressos que podem ser comercializados pela metade do preço da tabela.
Realmente ficou mais caro ser fã no Brasil com o passar dos anos. Se compararmos os preços do festival Monsters of Rock, que em 1995 custava R$ 30 e em 2013 passou para R$ 300, há um aumento de 1000%, muito acima da inflação acumulada no período, que é de 132,60%. Uma comparação de um período mais recente é em relação ao ingresso do show do Justin Bieber, que em 2011 custava R$ 140 e apenas dois anos depois passou para R$ 325. O valor da entrada em 2011 era equivalente a 25% do salário mínimo, hoje representa 47,94% do salário.
A má notícia é que não há perspectiva de os ingressos ficarem mais baratos nos próximos anos. A desvalorização do real em relação ao dólar possui efeito direto sobre os custos das apresentações internacionais.
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