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Joe (Matthew McCanaughey) seduzindo Dottie (Juno Temple)
Crédito: divulgação

 

A censura de 18 anos por si só já pode afugentar muitos da sessão de cinema. Mas as quase duas horas de Killer Joe, novo filme de William Friedkin, o responsável pelo clássico do terror O Exorcista, deixam incomodado até mesmo o espectador mais corajoso. A obra inspirada numa peça teatral sobre uma família a beira do abismo promete chocar e nos fazer refletir sobre nossas emoções mais primitivas.

Matthew McConaughey, conhecido por seus galãs descamisados em várias comédias românticas, surpreende na pele de Joe, um detetive que, nas horas vagas, ganha a vida como matador de aluguel. Ele é contratado por Chris (Emile Hirsch), um jovem em dívida com os traficantes mais perigosos da cidade e que decide assassinar sua própria mãe para conseguir a bolada do seguro de vida. O garoto, no entanto, não esperava que Joe, além do pagamento, exigiria a condição de passar uma noite com sua inocente irmã, Dottie (Juno Temple).
    
A história que se inicia como uma sátira, repleta do melhor humor negro, aos poucos se revela um drama doentio e perturbador, especialmente marcado pela transformação de McConaughey de um tipo sedutor e canastrão para um psicopata sombrio e cruel. O resto do elenco ajuda a sustentar a trama, com destaque para Emile Hirsch, um anti-herói ás vezes carismático, outras digno de pena; Haden Church no papel do omisso pai de Chris, Gina Gershon como a madrasta mau caráter e Juno Temple, que consegue dosar a sensualidade e a ingenuidade de Dottie.

No clímax do filme, somos confrontados com uma sequência memorável e tão difícil de digerir que fez alguns espectadores deixarem a sessão. A trama explode em meio a muito sangue, chutes e socos, e uma cena em especial, envolvendo uma coxa de galinha e muito sadismo, é capaz de chocar até o público mais liberal. Impossível não se lembrar de O Exorcista e o vômito que se espalhava pela tela ou até mesmo da obra de Quentin Tarantino, sempre recheada com muita violência.

Killer Joe se mostra um retrato cruel e violento do sul dos Estados Unidos e por meio de personagens e situações grotescas, é eficaz ao incomodar e chocar quem o assiste. Quando os créditos começam a rolar, depois de um final turbulento e confuso, nos damos conta de que ninguém é inocente ou ingênuo e que a violência é quase um instinto inerente a qualquer ser humano. A sociedade, afinal, parece apenas controlar sua selvageria por uma suposta conduta moral ou coerção social que deixam de existir quando há somente o caos.