Crédito: Reprodução
A nova adaptação cinematográfica da obra do autor russo Leon Tolstói, dirigida por Joe Wright (de Desejo e Reparação), buscou trazer às telas uma belíssima sequência de imagens literalmente teatrais. A trama gira em torno darussa Anna Karenina, que inicia um relacionamento extraconjugal extremamente passional com o militar Vronsky (Aaron Johnson), deixando de lado a vida de mãe e de esposa do ministro Alexei Karenin (Jude Law).
As cenas são representadas em um palco de teatro e os cenários são montados enquanto a cena ocorre. Os planos filmados fora do ambiente teatral também não deixam a desejar na questão da dramaticidade fotográfica: enquanto as cenas internas fazem o uso do jogo de luz e sombra expressionista, as externas contam com uma iluminação ambiente.
Além disso, a direção de arte buscam tratar o realismo também por meio da maquiagem e do figurino, utilizando tons pastéis e neutros nos rostos dos atores, com foco nas expressões faciais. No quesito das roupas, todo o luxo da nobreza czarista foi retratado, tendo a assinatura da figurinista Jacqueline Durran, que já havia trabalhado com Wright no filme Orgulho e Preconceito. As joias, assinadas pela joalheria Chanel, ostentam glamour e, como declarou a própria Keira Knightley: “Como a vaidade é uma das principais características da personalidade de Karenina, a exuberância das peças alimentou ainda mais esse lado”.
A música de Dario Marianelli é um destaque , como sentimos principalmente na cena do baile de Kitty, em que a música transmite o mesmo desespero da personagem ao ver sua tia, Anna Karenina, dançando com Vronsky. À medida que a jovem garota percebe o olhar apaixonado trocado entre Anna e Vronsky, a trilha passa a ficar mais densa, e parece acompanhar os batimentos cardíacos de Kitty.
Ainda neste momento do baile, há a dramatização da coreografia, quando os casais ganham movimento conforme Anna e Vronsky passam. Nesta mesma dança, também há o efeito do desaparecimento dos figurantes do baile, dando ênfase às emoções do casal.
Esta musicalidade também aparece quando Stiva (Matthew McFadyen) vai ao encontro de Levin (Domhnall Gleeson,), que tem a intenção de pedir sua filha em casamento. O som dos funcionários de Stiva trabalhando e a coreografia harmoniosa da cena se assemelham a um musical, o que se repete no momento em que Levin aparece no campo com os trabalhadores. Os sons do ambiente são utilizados para dar o ritmo e, ao mesmo tempo, a sincronia dos passos dos figurantes com a música acentuam esse lado.
Levando para o lado oposto, há em certas partes a ausência de diálogos, o que traz lirismo à história. Temos como exemplo o momento em que Levin e Kitty brincam com os blocos de letras. Com este jogo de imagens das mãos e do movimento dos blocos, os personagens são capazes de expressar seus sentimentos sem falar. Poesia visual.
Percebemos também a presença de uma estética semelhante à composição de uma pintura, nos episódios em que Anna e Vronsky deitam-se nus entre lençóis, devido à bela composição de luz, cores e corpos. Também a vemos quando Anna está delirando e doente. Tal imagem, filmada de cima, com os cabelos de Anna espalhados milimetricamente pelo travesseiro, remetem à obra de Caravaggio: Medusa.
A presença de planos longos também são características do diretor britânico. A troca de cenário realizada pelos próprios figurantes é frequentemente feita sem cortes.
As técnicas utilizadas pela direção de arte tornam o filme um espetáculo de cores em movimento. No geral, as atuações não deixam a desejar e sustentam o filme de modo que não seja apenas uma obra visualmente agradável, mas sim uma construção narrativa capaz de captar a atenção do telespectador. Todos esses elementos contribuíram para que a ousadia do diretor fosse inspiradora e memorável.
A nova adaptação cinematográfica da obra do autor russo Leon Tolstói, dirigida por Joe Wright (de Desejo e Reparação), buscou trazer às telas uma belíssima sequência de imagens literalmente teatrais. A trama gira em torno da russa Anna Karenina, que inicia um relacionamento extraconjugal extremamente passional com o militar Vronsky (Aaron Johnson), deixando de lado a vida de mãe e de esposa do ministro Alexei Karenin (Jude Law).
As cenas são representadas em um palco de teatro e os cenários são montados enquanto a cena ocorre. Os planos filmados fora do ambiente teatral também não deixam a desejar na questão da dramaticidade fotográfica: enquanto as cenas internas fazem o uso do jogo de luz e sombra expressionista, as externas contam com uma iluminação ambiente.
Além disso, a direção de arte buscam tratar o realismo também por meio da maquiagem e do figurino, utilizando tons pastéis e neutros nos rostos dos atores, com foco nas expressões faciais. No quesito das roupas, todo o luxo da nobreza czarista foi retratado, tendo a assinatura da figurinista Jacqueline Durran, que já havia trabalhado com Wright no filme Orgulho e Preconceito. As joias, assinadas pela joalheria Chanel, ostentam glamour e, como declarou a própria Keira Knightley: “Como a vaidade é uma das principais características da personalidade de Karenina, a exuberância das peças alimentou ainda mais esse lado”.
A música de Dario Marianelli é um destaque , como sentimos principalmente na cena do baile de Kitty, em que a música transmite o mesmo desespero da personagem ao ver sua tia, Anna Karenina, dançando com Vronsky. À medida que a jovem garota percebe o olhar apaixonado trocado entre Anna e Vronsky, a trilha passa a ficar mais densa, e parece acompanhar os batimentos cardíacos de Kitty.
Ainda neste momento do baile, há a dramatização da coreografia, quando os casais ganham movimento conforme Anna e Vronsky passam. Nesta mesma dança, também há o efeito do desaparecimento dos figurantes do baile, dando ênfase às emoções do casal.
Esta musicalidade também aparece quando Stiva (Matthew McFadyen) vai ao encontro de Levin (Domhnall Gleeson), que tem a intenção de pedir sua filha em casamento. O som dos funcionários de Stiva trabalhando e a coreografia harmoniosa da cena se assemelham a um musical, o que se repete no momento em que Levin aparece no campo com os trabalhadores. Os sons do ambiente são utilizados para dar o ritmo e, ao mesmo tempo, a sincronia dos passos dos figurantes com a música acentuam esse lado.
Levando para o lado oposto, há em certas partes a ausência de diálogos, o que traz lirismo à história. Temos como exemplo o momento em que Levin e Kitty brincam com os blocos de letras. Com este jogo de imagens das mãos e do movimento dos blocos, os personagens são capazes de expressar seus sentimentos sem falar. Poesia visual.
Percebemos também a presença de uma estética semelhante à composição de uma pintura, nos episódios em que Anna e Vronsky deitam-se nus entre lençóis, devido à bela composição de luz, cores e corpos. Também a vemos quando Anna está delirando e doente. Tal imagem, filmada de cima, com os cabelos de Anna espalhados milimetricamente pelo travesseiro, remetem à obra de Caravaggio: Medusa.
A presença de planos longos também são características do diretor britânico. A troca de cenário realizada pelos próprios figurantes é frequentemente feita sem cortes.
As técnicas utilizadas pela direção de arte tornam o filme um espetáculo de cores em movimento. No geral, as atuações não deixam a desejar e sustentam o filme de modo que não seja apenas uma obra visualmente agradável, mas sim uma construção narrativa capaz de captar a atenção do telespectador. Todos esses elementos contribuíram para que a ousadia do diretor fosse inspiradora e memorável.