Compreender a moda consiste em saber que o seu impacto vai muito além das passarelas. Acompanhar tendências ou aderir a determinada estética reflete como a moda está diretamente atrelada ao contexto social de uma época. No entanto, a aceleração do consumo, gerada pela indústria, incentivou o público a seguir uma tendência consumista e pouco sustentável: o Fast Fashion.
O novo episódio do Central 900, apresentado por Marina Orfali, discute o papel do jornalismo de moda, desde a tradução da linguagem estética até as novas demandas de sustentabilidade. Para complementar a conversa, o episódio conta com a participação de Maria Rita Alonso, Diretora de Redação da Marie Claire Brasil.
Durante muitos anos, o universo da moda esteve atrelado à elite e pouco abrangeu as camadas populares. Contudo, com o surgimento da internet e digitalização da comunicação, as tendências de moda passaram a ser ditadas não apenas pela elite, mas também por demais grupos sociais. Para Maria Rita Alonso, esse movimento foi transgressor e rompeu com inúmeros paradigmas:
Historicamente, a moda era do topo para a base da pirâmide. Hoje em dia, é do topo para a base, mas também da base para o topo (…) A gente viu a moda de rua ditar muita moda para a passarela.
Além da movimentação observada nos desfiles, a popularização ocorreu, entre outros fatores, graças às redes sociais. Segundo a diretora de redação, os influenciadores atuam de forma semelhante aos jornalistas do ramo, ao facilitar a compreensão de determinados temas.
Juntamente com os jornalistas de moda, os influenciadores trazem visibilidade para estéticas particulares – e muitas vezes pouco reconhecidas -, com o diferencial de estabelecer conexões emocionais com o público. Assim, influencers conseguem ampliar o alcance da indústria da moda, ao incentivarem a adoção de estilos únicos, diversos e inclusivos.
No entanto, a divulgação precisa ser feita com cautela, visto que a comunicação pode tanto combater, quanto potencializar a indústria Fast Fashion.
Conhecida por vender a noção de exclusividade para os consumidores, a moda rápida é constituída de peças de baixa qualidade e com pouca durabilidade. Desse modo, alguns comunicadores podem produzir conteúdos que estimulam o consumo de tendências substituíveis e que despertam o desejo de pertencimento na população, ou seja, criando um ciclo de consumo e descarte infinito.
Em virtude das rápidas mudanças nos produtos lançados no mercado, o Fast Fashion se tornou responsável por contribuir para a degradação ambiental. A fim de ilustrar o impacto no meio ambiente, a Fundação Ellen MacArthur divulgou que cerca de 3000 roupas são produzidas por segundo, logo mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados todos os anos.
“Hoje, qualquer pessoa pode se vestir na moda, se quiser, porque tudo ficou muito acessível. Por outro lado, têm muita roupa no planeta”, comentou Maria Rita Alonso
Desse modo, os consumidores passaram a buscar marcas que trabalhavam a questão ecológica. Como resultado, diversas empresas aderiram à moda sustentável, isto é, práticas que buscam diminuir os impactos causados na natureza, utilizando materiais reciclados e reduzindo o consumo de bens naturais, bem como promovendo boas condições de trabalho.
Além de ser vantajosa para o meio ambiente, a moda ecológica também é benéfica para a economia. De acordo com dados divulgados pelo Sebrae, o mercado da moda sustentável faturou R$ 197 bilhões em 2023 e poderá faturar R$ 350 bilhões até 2028.
Ainda que marcas de renome adotem medidas mais sustentáveis em seu processo produtivo, apenas a divulgação consciente poderá revolucionar a indústria da moda. Como citado anteriormente, assim como a mídia tradicional, as redes sociais são indispensáveis para popularizar a moda verde.
Os influenciadores sustentáveis – greenfluencers– passaram a atuar diretamente no mundo da moda. Ao compartilhar dicas sobre práticas conscientes, como reciclagem, estes profissionais incentivam medidas não prejudiciais para o ambiente. Ademais, é válido ressaltar que os greenfluencers contribuem com a natureza através da moda circular, ao indicar o uso de roupas de brechós e marcas veganas.
Em conformidade, o jornalismo de moda, além de traduzir a linguagem estética para o público, aborda a moda de forma mais crítica e informativa. Devido ao trabalho de curadoria feito por jornalistas, o público passa a enxergar os impactos negativos do Fast Fashion, consumindo cada vez mais produtos “verdes”.
Com o objetivo de promover uma comunicação sustentável, o jornalismo de moda abre espaço para debates e introduz a economia circular no cotidiano populacional. Para aprofundar as discussões sobre o tema, o novo episódio do Central 900 traz a importância do jornalismo de moda para a sociedade.
Confira mais sobre a conversa, assistindo ao episódio completo: