Crédito: Adriano Vizoni/Folhapress
Um abraço em tom de excelso, ou melhor: um Abraçaço! Este foi o recado de Caetano Veloso para dar continuidade à sua nova turnê que desembarcou em São Paulo, no HSBC Brasil.
Caetano subiu ao palco exatamente às 22:20 com a música A Bossa Nova é Foda, que na verdade é um rock alternativo: rápido, harmonioso e marcado por ser uma das melhores letras desta nova fase. Sem tréguas, mas contendo os ânimos do público, ele emendou Lindeza, somente com a voz e o violão.
A sequência de Quando O Galo Cantou – faixa que faz uma alusão direta à bossa nova enquanto melodia – e Um Abraçaço – encerrada com direito à encenação de um mosaico formado por toda banda caracterizando inúmeros abraços dados ao público – e Parabéns destacou o fato de que o novo disco estaria muito evidente no repertório, diferentemente das duas últimas turnês do músico.
Em seguida foi a vez de outra obra prima dos novos tempos em quesitos harmônicos e de composição, intitulada Um Comunista e dedicada a Carlos Marighella, o poeta, político e guerrilheiro brasileiro morto em uma emboscada feita pela ditadura militar no final dos anos 1960. A mensagem de “o baiano morreu/eu estava no exílio/e mandei um recado/mas ninguém entendia/vida sem utopia/não entendo que exista” foi atenciosamente absorvida por um público atento e sensibilizado que, em tom menor, deixa evidente todo o intenso viés político contido na letra.
Após alguns segundos de luzes apagadas, o show ficou por conta do frevo Escapulário, fazendo com que o público se levantasse das mesas para acompanhar o espetáculo dançando. Funk Melódico, executada logo depois, intensifica os trabalhos com sintetizadores usados em texturas musicais bem equilibradas pelo baixista Ricardo Dias Gomes.
O show chegava aos últimos momentos, e Eclipse Oculto finalmente deixou o público a vontade, entoando o refrão em uníssono. Dona Canô – mãe de Caetano e que nos deixou no fim do ano passado – foi aplaudida de pé quando citada no ritmo tropical de Reconvexo, um flerte do músico com o axé e os tambores do olodum. Para anteceder o bis, a escolhida foi Você Não Entende Nada, apresentada em um formato completamente inusitado e instigante.
A festa estava pronta: todos de pé e ninguém mais ocupava seus lugares originais. De maneira entusiástica, ele voltou ao palco para finalizar com Vinco e Luz de Tieta. O disco “Cê” foi lembrado em Homem, Odeio e Outro, música que encerrou o espetáculo.
A turnê de “Abraçaço” marca o fim do ciclo do músico com a banda “Cê”, composta por Pedro Dias (guitarra), Marcelo Calado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado). Modernizar o antigo e talhar uma marca pessoal ao novo: este é o lema. A nova concepção musical foi incrivelmente simbiótica à obra de Caetano. As guitarras lembram bandas do underground dos anos noventa como Sonic Youth e Pixies: soam dissonantes, rebuscadas, agudas e intensas. O compasso da bateria e a harmonia do baixo estão sempre comunicáveis com o violão e a voz de Caetano, que de forma alguma ficam suprimidos. Embora tenha afastado alguns fãs de sua fase mais intimista – voz e violão –, o período com a banda “Cê” pode ser facilmente compreendido: Para quem lançou discos como “Transa” e o ousado “Araçá Azul”, a nova fase soa apenas como mais uma bem sucedida exploração pela diversidade da música universal, marca de sua carreira.
Um abraço em tom de excelso, ou melhor: um Abraçaço! Este foi o recado de Caetano Veloso para dar continuidade à sua nova turnê que desembarcou em São Paulo, no HSBC Brasil.
Caetano subiu ao palco exatamente às 22:20 com a música A Bossa Nova é Foda, que na verdade é um rock alternativo: rápido, harmonioso e marcado por ser uma das melhores letras desta nova fase. Sem tréguas, mas contendo os ânimos do público, ele emendou Lindeza, somente com a voz e o violão.
A sequência de Quando O Galo Cantou – faixa que faz uma alusão direta à bossa nova enquanto melodia – e Um Abraçaço – encerrada com direito à encenação de um mosaico formado por toda banda caracterizando inúmeros abraços dados ao público – e Parabéns destacou o fato de que o novo disco estaria muito evidente no repertório, diferentemente das duas últimas turnês do músico.
Em seguida foi a vez de outra obra prima dos novos tempos em quesitos harmônicos e de composição, intitulada Um Comunista e dedicada a Carlos Marighella, o poeta, político e guerrilheiro brasileiro morto em uma emboscada feita pela ditadura militar no final dos anos 1960. A mensagem de “o baiano morreu/eu estava no exílio/e mandei um recado/mas ninguém entendia/vida sem utopia/não entendo que exista” foi atenciosamente absorvida por um público atento e sensibilizado que, em tom menor, deixa evidente todo o intenso viés político contido na letra.
Após alguns segundos de luzes apagadas, o show ficou por conta do frevo Escapulário, fazendo com que o público se levantasse das mesas para acompanhar o espetáculo dançando. Funk Melódico, executada logo depois, intensifica os trabalhos com sintetizadores usados em texturas musicais bem equilibradas pelo baixista Ricardo Dias Gomes.
O show chegava aos últimos momentos, e Eclipse Oculto finalmente deixou o público a vontade, entoando o refrão em uníssono. Dona Canô – mãe de Caetano e que nos deixou no fim do ano passado – foi aplaudida de pé quando citada no ritmo tropical de Reconvexo, um flerte do músico com o axé e os tambores do olodum. Para anteceder o bis, a escolhida foi Você Não Entende Nada, apresentada em um formato completamente inusitado e instigante.
A festa estava pronta: todos de pé e ninguém mais ocupava seus lugares originais. De maneira entusiástica, ele voltou ao palco para finalizar com Vinco e Luz de Tieta. O disco “Cê” foi lembrado em Homem, Odeio e Outro, música que encerrou o espetáculo.
A turnê de “Abraçaço” marca o fim do ciclo do músico com a banda “Cê”, composta por Pedro Dias (guitarra), Marcelo Calado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado). Modernizar o antigo e talhar uma marca pessoal ao novo: este é o lema. A nova concepção musical foi incrivelmente simbiótica à obra de Caetano. As guitarras lembram bandas do underground dos anos noventa como Sonic Youth e Pixies: soam dissonantes, rebuscadas, agudas e intensas. O compasso da bateria e a harmonia do baixo estão sempre comunicáveis com o violão e a voz de Caetano, que de forma alguma ficam suprimidos. Embora tenha afastado alguns fãs de sua fase mais intimista – voz e violão –, o período com a banda “Cê” pode ser facilmente compreendido: Para quem lançou discos como “Transa” e o ousado “Araçá Azul”, a nova fase soa apenas como mais uma bem sucedida exploração pela diversidade da música universal, marca de sua carreira.