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São Paulo recebeu, no último fim de semana, a celebração dos setenta anos de Jards Macalé: cantor, multi-instrumentista e compositor carioca. O presente aos paulistanos foi simplesmente um show de uma hora e meia de duração e a exibição do ótimo documentário intitulado Jards como cartão de visitas.

Dirigido por Eryk Rocha e produzido de maneira independente, o longa de quase  duas horas conta a história detalhada do processo criativo de seu último álbum, desde a discussão das texturas musicais utilizáveis até a gravação, distribuição e micro-turnê iniciada pelo artista no mês passado.

O show
A chuva, que caia sobre a capital paulista há dias, deu uma trégua na tarde do último domingo, 10 de março, possibilitando que os fãs de Jards pudessem chegar até o auditório do Ibirapuera sem problemas.

Após duas horas de filme, Macalé subiu ao palco às 19:15 acompanhado da banda Lets Play That, iniciando o show com a música de mesmo nome do grupo.
Dando sequência à brasilidade altamente afinada e bem tocada, o morcego tocou Farinha do Desprezo e 78 Rotações, obras primas do seu álbum de 1972, executadas num inovador formato, sem que a essência das versões de disco se perdesse.

O show prosseguiu com o groove de Negra Melodia e um momento solo de Jards, onde apenas ele e seu violão executaram versões emocionantes de Movimento dos Barcos e Vapor Barato, conhecida popularmente na voz de Gal Costa.

Surpreendendo a plateia, Macalé convocou a presença da banda novamente, mas não para dar procedência ao show e sim para apresentar alguns minutos de uma peça do filósofo e produtor de teatro experimental John Cage, aumentando o clima de intimismo e mistério do espetáculo.

Com a banda acompanhando novamente, a execução de Canalha, na companhia do cantor e compositor Walter Franco, fez a plateia bradar o refrão em uníssono.

O show chegava aos seus derradeiros minutos, e Macalé não perdeu tempo sequenciando as notáveis Gotham City, responsável pelo seu apelido de morcego, e Anjo Exterminado. Encerrando a apresentação formal com a irônica canção Farrapos, Jards surpreendeu o público novamente pegando seu violão e executando o samba Juízo Final de Nelson do Cavaquinho, pedindo para que as pessoas, unidas, deixassem o auditório entoando a canção.

Biografia
Jards Macalé nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Teve uma formação musical erudita-clássica na infância, desbravando o jazz e a bossa nova quando adulto.

Com participação memorável na produção e nos arranjos de guitarra e violão do disco “Transa”, de Caetano Veloso, Macalé seguiu carreira nos anos setenta compondo clássicos como  Vapor Barato, Gotham City e Anjo Exterminado, gravadas por diversos artistas da música brasileira.