INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O VESTIBULAR DE VERÃO 2025 Fechar

Em 1936, às vésperas da Segunda-Guerra Mundial, Adolf Hitler pretendia utilizar as Olimpíadas de Berlim para promover a Alemanha Nazista e propagar a ideologia de superioridade racial alemã. 

Ao ganhar quatro medalhas de ouro, nas categorias 100 metros, 200 metros, salto em distância e 400 metros com revezamento, Jesse Owens, um atleta norte-americano, negro e de 23 anos, arruinou as expectativas do Führer de que os atletas arianos alemães triunfariam nas variadas competições. 

James Cleveland Owens nasceu no dia 12 de setembro de 1913, há exatos cem anos em Oakville, Alabama, um dos estados mais racistas dos Estados Unidos. O futuro patrono da Atlética da Faculdade Cásper Líbero – que completou 20 anos em 2013 – era o sétimo dos dez filhos do casal Henry e Mary Emma Owens. 

Neto de escravos, Owens se mudou com a família aos nove anos de idade para Cleveland em Ohio, quando 1,5 milhão de afrodescendentes abandonaram o segregado Sul dos Estados Unidos em busca de melhores oportunidades de vida. 

Owens era apelidado por sua família de “J.C.”. Em seu primeiro dia de aula na Bolton Elementary School, a professora perguntou seu nome. O garoto prontamente respondeu “JC”, mas, com seu carregado sotaque sulista, foi entendido como “Jesse” e o apelido foi carregado por ele pelo resto de sua vida. 

Jesse trabalhou em vários empregos na época de infância. Entregou compras de supermercado, descarregou caminhões e fez bico em uma loja de reparo de calçados, enquanto seu pai e seu irmão mais velho trabalhavam em uma usina siderúrgica. Nessa época foi que ele descobriu sua paixão por corrida. Ele foi encorajado pelo técnico da escola, Charles Riley, que permitiu que ele praticasse antes das aulas na pista de corrida.

Surge um campeão

Em 1933, quando estudava na East Technical High School, Jesse Owens chamaria atenção nacional. Ele estabeleceu o recorde mundial de 9,4 segundos no traçado de 91 metros e pulou 7,56 metros no National High School Championship realizado naquele ano em Chicago. 

Três anos depois, Owens iria mostrar ao mundo suas excepcionais capacidades como atleta. Mitos surgiram em torno de sua apresentação Olímpica, o mais famoso deles afirma que Hitler, após saber que Owens, um atleta negro, vencera quatro medalhas, teria se recusado a cumprimentá-lo e deixado as tribunas furioso. Essa história nunca foi comprovada e há relatos de que Hitler teria cumprimentado Owens nos bastidores após as provas. 

Owens brilhou em uma Alemanha dominada pela política genocida do nazismo e tornou-se um símbolo da luta contra o ódio e a intolerância. Não obstante, o jovem enfrentou problemas semelhantes nos Estados Unidos.

Em uma entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, durante os Jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956, Owens afirmou que “depois de todas aquelas histórias sobre Hitler e como ele me esnobou, voltei para meu país, um lugar onde não podia sentar na parte da frente de um ônibus”. 

Owens nunca foi chamado à Casa Branca e tampouco recebeu os cumprimentos do então presidente, Franklin Roosevelt. Owens desfilou pelas ruas de Nova York e foi festejado pela população, mas quando chegou ao hotel Waldorf Astoria para receber mais homenagens, foi orientado a utilizar o elevador de serviço. 

Pelos feitos alcançados, as olimpíadas de Berlim foram o ponto alto na carreira de Jesse Owens. Depois dos jogos, o atleta passou a fazer exibições por dinheiro e, por essa razão, foi expulso da Associação Amadora de Atletismo. “As pessoas diziam que eram atividades degradantes para um campeão olímpico. Mas o que eu poderia fazer? Eu tinha quatro medalhas de ouro, mas tinha que comer”, afirmou. “Eu voltei para casa, ganhei tapas nas costas, apertos de mão, mas ninguém me ofereceu um emprego.”

Após abandonar o atletismo, Owens tentou diversas carreiras, se aventurando como frentista e relações públicas.

Em 1968, na Olimpíada do México, Owens condenou o protesto dos atletas Tommie Smith e John Carlos que subiram ao pódio com os punhos fechados em homenagem ao movimento Black Power. Posteriormente, ele se retratou. 

Jesse se casou em 1935 com Minnie Ruth Solomon e o casal teve três filhas. Ele morreu no dia 31 de março de 1980 em Tucson, Arizona, ao lado da esposa e de outros membros de sua família. Em homenagem à sua carreira, foi criado o Jesse Owens Award, o prêmio mais importante da revista USA Track & Field para jovens atletas. 

Seu dormitório durante as Olimpíadas de Berlim foi transformado em museu com fotografias de suas conquistas e a carta de um fã (interceptada pela Gestapo) que pedia a Owens para não apertar mãos com Adolf Hitler. 

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo