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Você volta de uma festa, tarde da noite. Está escuro no corredor apertado do seu apartamento. Frio. Além da sua porta rangendo, nenhum barulho. Ninguém está acordado. Mas, no batente da porta, há um bilhete em caligrafia infantil: “sente minha falta?”. Ela está no corredor, com aquele sorriso permanente e assustador; encarando você com aqueles seus olhos de vidro, trincados, mas sempre abertos e observando. Você não se lembra de tê-la deixado lá. A boneca não estava lá. De repente, um giz de cera rola em sua direção… 

É assim, tranquilo, que começa Invocação do Mal (The Conjuring), o thriller mais arrepiante do ano – talvez porque o diretor seja James Wan, de clássicos como o sangrento Jogos Mortais e o assustador Sobrenatural. Ou talvez seja a mistura perfeita de sustos, bons efeitos especiais e uma história real. A trama se passa no ano de 1971: Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) são um famoso casal de investigadores paranormais que, depois de passar por um exorcismo traumático, resolve investigar o caso da casa da família Perron. Após várias cenas horripilantes – como uma caixinha de música antiga que atrai um espírito de criança, um amedrontador esconde-esconde com fantasmas e almas penadas que puxam o pé –, Lorraine constata: “Há muita coisa ruim nesta casa”. 

O roteiro não tem tanto de original e é, em certos aspectos, previsível. Mas vale acrescentar que Ed e Lorraine Warren eram caça-fantasmas de verdade – os créditos do filme trazem uma compilação assustadora de fotos e reportagens de casos investigados pelos dois. 

No filme, aparecem algumas palestras que os “demonólogos” ofereciam para mostrar evidências paranormais. Inclusive, a Lorraine verdadeira pode ser vista na primeira fileira, na segunda palestra do filme. A boneca do início, Annabelle, existe mesmo, e até hoje está guardada a sete chaves. 

Ainda não satisfeito? Vamos lembrar que o caso da família Perron realmente existiu, e que Lili Taylor, a sra. Perron, usou O Exorcista para estudar seu papel. Tendo isso em mente, é interessante observar a gritante diferença entre os famosos gores da época, como O Massacre da Serra Elétrica, e o longa em questão, que tem poucas tomadas sangrentas. Wan buscou atingir o lado psicológico de quem assiste, e não o estômago. A estética cinematográfica e a atmosfera usadas pelo diretor são muito parecidas com a dos filmes dos anos 1970, o que torna a trama ainda mais verossímil. 

Por aqui, o filme teve classificação etária de 14 anos, mas reza a lenda que havia paramédicos na porta da sala de cinema, na estreia dos EUA. Invocação do Mal é tensão do começo ao fim – esteja preparado para pular da cadeira a qualquer momento: você não vai querer abrir seu guarda-roupa por muito, muito tempo.