Com a delicadeza e determinação que só uma bailarina tem, Laura Vitto mostrou que vive a vida como uma dança: ainda que haja altos e baixos, o importante é se apaixonar. Amante ferrenha das Relações Públicas, Laura é formada pela Faculdade Cásper Líbero e não esconde o orgulho que tem da instituição – tanto que se dispôs a visitá-la em plena noite de sexta-feira para contar sua trajetória para os alunos do terceiro ano noturno de Relações Públicas. A seguir, contamos em cinco atos um pouco de sua história inspiradora.
1º ATO – As sextas nunca foram muito animadas na vida de Laura, já que trocava uma boa farra pelos ensaios de balé que aconteciam, religiosamente, todos os dias. A dedicação vinha da crença de que ‘de plie em plie’ ganharia os palcos como Bolshoi – Academia Estatal de Coreografia de Moscou, escola de balé da Rússia considerada uma das melhores do mundo. Mas após 12 anos, a bailarina sofreu uma crise no nervo ciático e se viu obrigada a colocar de lado sua maior paixão.
Faltando três meses para o vestibular e a sensação de incerteza a consumindo, Laura então decidiu “consultar os universitários”, ou melhor, o Guia do Estudante (quem nunca, certo?) e após cogitar o curso de Publicidade e Propaganda, encontrou nos artigos relacionados a sua futura e, até então não muito conhecida, profissão: Relações Públicas.
Com o único propósito de fugir das tão temidas química e física, a Faculdade Cásper Líbero foi a escolhida, e assim, em pouco tempo mudou de vida completamente, deixando a mãe – com quem é extremamente apegada – em Mococa, sua cidade natal, e se arriscando por entre os arranha-céus e o concreto da capital São Paulo somente com “a cara e a coragem”, diz.
2º ATO – Como tudo na vida, Laura logo apaixonou-se pela cidade e, principalmente, pela Paulista 900, e começou a somar incríveis experiências ao seu currículo – profissional e de vida: em dezembro de 2008, conseguiu o seu primeiro emprego e primeira experiência em Relações Públicas, tornando-se monitora da coordenadoria de relações públicas, responsável por diversas atividades relacionadas aos principais públicos estratégicos, como alunos, professores, direção e administração da faculdade.
Apesar de ter descoberto que a área de eventos não se encaixa em seu perfil, a ex-monitora conta que aprendeu muito trabalhando nessa fase e descobriu uma paixão que cultiva até hoje: a área acadêmica. E enfatiza com emoção que sua paixão somada ao orgulho que tem da Cásper lhe dá uma vontade imensa de ser professora no futuro e chamar seus antigos mestres de companheiros de equipe.
3º ATO – Após um ano e três meses, a mocoquense concorreu a uma vaga no Grupo Solvi, empresa que oferece serviços como coleta de lixo na cidade. Apesar do curto espaço de tempo que permaneceu na organização – devido a um momento de crise, foi lá que aprendeu o conceito de sustentabilidade, que hoje representa uma parte extremamente importante de sua vida.
Assim, Laura seguiu o espetáculo e começou a trabalhar numa grande agência de comunicação. Apesar de acreditar que a comunicação por meio das mídias pode ser tão mágica quanto a dança, Laura descobriu que não gostava de assessoria de imprensa e decidiu sair. Então, devido ao vínculo que ainda tinha com as pessoas com as quais trabalhou na Solvi, foi indicada para uma vaga de Relações Públicas em um ONG, na qual seria responsável por criar a área de comunicação. “Foi a melhor entrevista (de emprego) que eu já fui: eu cheguei, sentei e já sai empregada”, conta.
Embora amasse o emprego, a realidade do terceiro setor e da própria vida financeira (ah, do TCC também, claro!) falou mais alto e aceitou a proposta de uma professora da Cásper que havia aberto uma agência e a convidou para trabalhar. Porém, mal sabia que dez meses depois retornaria à ONG e iniciaria a sua trajetória nas salas de aula ao dar um curso sobre gestão de projetos de sustentabilidade.
4º ATO – Dois anos depois, já em 2015, Laura viu-se cercada por uma crise interna. Passou então a questionar qual era o verdadeiro impacto de seu trabalho, já que queria cada vez mais e mais resultados, o que resultou em sua saída do emprego e a própria incerteza quanto às Relações Públicas. O que fazer então? A mocoquense decidiu enfrentar um período sabático de dez meses.
5º ATO – Mas as coisas parecem mesmo se encaixar e, como qualquer espetáculo, o de Laura Vitto também precisava de um desfecho fantástico. Em fevereiro de 2016, duas amigas decidiram fundar uma organização e a convidaram para participar. Ela aceitou na hora e assim nasceu a Espaço Urbano, que promove o empoderamento do espaço público e empreendedorismo social – “é você realmente entender que a sua cidade e o seu meio ambiente é seu, é de todos e para todos”, define.
Hoje, um dos braços mais fortes do Espaço Urbano acontece na comunidade do Jaguaré, o projeto “Muda Jaguaré”. Em conjunto com 21 líderes comunitários a instituição promove a revitalização dos espaços públicos, a educação socioambiental, econômica, o empreendedorismo social e os direitos humanos. Além disso, os líderes são incentivados a desenvolver seus próprios projetos.
Apesar dos saltos e quedas, a dança de Laura com certeza a levou para o palco certo: “Hoje eu posso dizer que realmente amo o que eu faço”.