O evento estava marcado para começar às 19h, mas, perto das 18h, Casperianos de Jornalismo já garantiam seus lugares no Teatro Cásper Líbero para assistir à Aula Magna com César Tralli. Alguns deles ficaram próximos à entrada para ver o convidado chegando, assim como nós, que esperávamos para entrevistá-lo. Ao entrar na sala reservada para a conversa, apresentamo-nos, preparamos o celular para começar a gravação e nos dividimos entre seguir o roteiro e pensar em ganchos para aproveitar as respostas que o jornalista, com mais de 20 anos de experiência, nos contava. A entrevista foi uma oportunidade para colocar em prática o que aprendemos durante o curso.
Marcela Schiavon: Você pensava em seguir a carreira na televisão quando estudava Jornalismo na Cásper?
César Tralli: Quando entrei na Faculdade, nunca pensei em trabalhar na TV. Amava escrever e pensava que minha vida seria no impresso. Já redigi para a Folha de S.Paulo quando era adolescente (na coluna do leitor), também nos jornais impressos e revistas da Cultura Inglesa. Fui para a A Gazeta Esportiva logo que entrei na Cásper e, quando estava na Jovem PAN (AM), o comunicador Silvio Santos ouviu minha voz e um dia me ligou. Pensei que era trote, mas não! Ele falou: “quer trabalhar comigo?” e fui. (…) Foi ele quem me trouxe para a TV!
Julya Vendite: Como você entrou na área esportiva?
CT: Na época em que estudava na Cásper, estagiei na A Gazeta Esportiva. Fiquei 6 ou 7 meses lá e logo depois fui para a Jovem PAN (AM). Foi assim que comecei no esporte e depois no rádio.
JV: Como surgiu a ideia desse jeito descontraído de apresentar o SPTV e como é isso para você?
CT: Inaugurar a maneira descontraída de apresentar o telejornal da hora do almoço é maravilhoso, porque, para mim, fazer desse jeito nada mais é do que uma maior aproximação com quem está do outro lado da tela. A ideia veio para quebrar aquele protocolo formal no qual o apresentador era só um mero leitor de teleprompter. Procuro, cada vez mais, falar de improviso e me comunicar da mesma maneira que faço com alguém na rua, com a minha família, para que sintam essa proximidade. Acredito que quanto mais informal, sem perder a credibilidade, maior o vínculo com o expectador.
MS: Hoje, você pode opinar livremente em meio às notícias?
CT: Tenho total liberdade quanto a isso. Estou há cinco anos ancorando o SPTV (1ª Edição), mas ser livre tem muito a ver com o seu bom senso para fazer a crítica, fundamentada em informação, construtiva (…). E quando critico ou penso em fazê-lo, tento me colocar no lugar de quem está assistindo: alguém em casa, uma pessoa que está na hora do almoço em um restaurante. Não criticar por criticar, mas fazer tendo em vista a indignação das pessoas.
MS: Ancorar x sujar os sapatos. O que você gosta mais?
CT: Gosto de muita coisa. Trabalho na televisão há 26 anos. Dos meus 46 de idade, 26 são no jornalismo. Eu me tornei âncora, mas nunca deixei de ser repórter, porque quando acaba o SPTV (1ª Edição) vou para a rua. Vou atrás de fonte, vou até a Prefeitura, vou ao Governo do Estado, tudo para alimentar a minha agenda – que eu creio (ainda) ser o meu maior patrimônio.
JV: O que você diria aos calouros que querem seguir na profissão, assim como você seguiu?
CT: Essa é uma profissão como qualquer outra, hoje, na nossa sociedade: extremamente competitiva! E não podemos sonhar com o estrelato. Tem que “amassar muito barro”, começar de baixo e estagiar, isso o quanto antes fizer, melhor. Mas vejo um mundo de oportunidades para o jornalismo, porque tudo é comunicação. A gente está se comunicando o tempo todo! As redes sociais, mil blogs aparecendo, comunicadores se conectando para lançar produtos na internet (…). Acho que é uma profissão com um campo muito promissor. A diferença vai estar sempre na qualidade, sou apaixonado pelo jornalismo e defendo essa profissão até os 45 minutos do segundo tempo!